A Jega de Zé Urbano

Entre 20 e 25 de agosto deste ano, viveremos a Semana do Folclore Brasileiro. O evento converge para 22, o Dia Nacional do Folclore. Isso sempre possibilita renascer em cada um de nós, amor pelas manifestações folclóricas, nossos folguedos e tradições. O interior do Brasil é um manancial desse riquíssimo tesouro. O estado de Alagoas é o estado do Brasil com o maior número de folguedos do país, mais de cem.

Equinos, asininos e muares esses contribuem enormemente na aquarela brasileira que povoa nosso folclore. O Velho O menino e o Burro; A mula-Sem-Cabeça; O Negrinho do pastoreio são desses diamantes:

Negrinho do Pastoreio lenda afro-cristã de um menino escravo que é espancado pelo dono e largado nu, sangrando, em um formigueiro, por ter perdido um cavalo baio. No dia seguinte, quando foi ver o estado de sua vítima, o estancieiro tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas, nem fora comido pelas formigas. Ao lado dele, Nossa Senhora e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu com a tropilha. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pedia-la ao Negrinho, que a campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, que ele levava para o altar de sua madrinha, a Virgem que o livrara do cativeiro.

A Mula-Sem-Cabeça lenda hispânico-portuguesa, cuja versão mais corrente é a de uma mulher, virgem ou não, que dormiu com um padre, pelo que sofre a maldição de se transformar nesse monstro em cada passagem de quinta para sexta-feira, numa encruzilhada. Outra versão fala que se nascesse uma criança desse amor proibido, e fosse menina, viraria uma mula sem cabeça; se menino, seria um lobisomem. A Mula percorre sete povoados naquela noite de transformação, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, a Mula sem cabeça, acordo com quem já a "viu", aparece como um animal completo, que lança fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro.

Diante dessas circunstâncias, acabamos por lembrar de um fato interessante que de certa forma, não deixa de ser folclórico, ocorrido com uma jumenta pertencente a Zé Urbano. Lá pelos idos dos anos setenta, uma turma de maloqueiro da praça do Monumento foi tomar banho no “panema” lá pras bandas do “escondidinho” próximo a maniçoba. Entre eles João Branco (ou João Pênis), Miltinho, Aderval de Dona Helena, saudoso Ademar de Seu Sulino entre outros. Na volta encontraram a jumentinha de Zé Urbano pastando por ali, e resolveram aliviar suas necessidades sexuais na jumenta. Dias depois Aderval, vulgo “Papa-figo”, o filho do dono da jeguinha. Foi de casa em casa, batendo na porta dos aproveitadores da inocente mulher do jegue, cobrar uma cuia de milho, era o pagamento pelo ato sexual coletivo. Pois segundo ele:

-“Xêxo*” não se devia dá nem em jumenta!


*Segundo o dicionário “on line” Xêxo é corruptela da palavra seixo, acepção.


Fabio Campos

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