UM ASTRONAUTA EM SANTANA DO IPANEMA





Santana do Ipanema, em 1969, administrada por Adeildo Nepomuceno Marques, não passava de mais uma. daquelas pequenas cidades de interior, muito provinciana. A população se ligava ao mundo apenas via radiodifusão e telégrafo. Prefeito e promotor de justiça e alguns comerciantes possuíam telefone de linha fixa. O jornal gazeta de Alagoas era um dos poucos periódicos que aqui circulava, chegado da capital. O estado de Alagoas era governado pelo usineiro Antonio Simeão Lamenha Filho. No comando da nação brasileira, estava o Marechal Artur da Costa e Silva.

Pra contar nosso causo, precisamos situar no contexto histórico e político em que vivia o mundo à época, sob a velada guerra fria. Duas superpotências mundiais, digladiava-se divididas em dois blocos ideológicos distintos, de um lado o capitalismo travestido de democratas, encabeçado pela superpotência Estados Unidos da América que tinha a frente o democrata Richard Nixon. Na outra ponta a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas comandada por Nikita Kruschov. O mundo vivia sobre constante estado de conspiração, a moeda vigente era o tráfico de influências. Deu no New Times de 21 de dezembro de 1968,” Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders foram os protagonistas de um show inusitado. A missão Apollo 8 durou sete dias e seis noites e foi a primeira a levar o homem à órbita da Lua. Os Estados Unidos davam um passo à frente da União Soviética. Os tripulantes, porém, não conseguiram pousar na Lua. A nave apresentou defeitos graves, enfrentou um choque com um meteorito e uma tempestade solar. Mesmo assim, a operação foi considerada um sucesso: os três conseguiram retornar aos Estados Unidos e o sentimento geral era de que o homem estava pronto para o futuro.”

No Brasil vivia-se a euforia pela proximidade da Copa do Mundo no México, havia uma confiança generalizada na Seleção Canarinha. Sob o governo Costa e Silva foi promulgado o AI-5, que lhe deu poderes para fechar o Congresso Nacional, caçar políticos e institucionalizar a repressão e a tortura. Castelo Branco presidente antecessor, depois de deixar o poder, morreu num acidente de avião, em situação obscura e mal explicada pelo governo. Ele não concordava que Costa e Silva fosse seu sucessor queria ser sucedido pelo general Ernesto Geisel, só permitiu que Costa e Silva o sucedesse porque temia um racha no Exército, o que poderia culminar com um enfrentamento militar, reduzindo ainda mais a soberania nacional. Os Estados Unidos da América, tentavam superar a União Soviética na corrida armamentista, cibernética e na conquista do espaço. O Brasil era aliado dos ianques, permitira inclusive a instalação de bases militares em terras brasileiras. No governo Costa e Silva, houve um aumento significativo das atividades consideradas subversivas. Era comum a presença de manobras militares estadunidense em terras brasileiras, para coibir os dissidentes políticos. Haviam agentes secretos infiltrados em todos os escalões do governo.

Foi nessa época que chegou a Santana do Ipanema, o senhor Estives Collins. Era assim, um homem alto, caucasiano, bem afeiçoado. Falava pausadamente um português carregado de sotaque Alugou uma casa na Avenida Coronel Lucena, próximo a Prefeitura Municipal. Costumava sair de casa em trajes de antropólogo. Assim, chapéu blusa e bermuda brim em tom marrom, cantil, e bolsa de lona às costas, Botas e meias três quartos nos pés. Completava seu visual, óculos escuros, que lhe cobria os olhos azuis. Uma prancheta de anotações e caneta sempre a mão. Um do tipo Indiana John,. Alugou um jipe a Zé “V”8. E passava o dia em expedições pelas cercanias. Ia pela zona rural do município fazendo perguntas. Pesquisava plantas, solo e bichos, sobre o povo, era pouco o interesse.

A população curiosa confabulava sobre o que viera fazer aquele americano pelos sertões santanenses. Dizia-se que viera estudar o nosso solo para comprar uma grande área de terra. Provavelmente para construir uma fábrica de tecido de algodão. Seria um novo Delmiro Gouveia! Estives sempre voltava de suas expedições trazendo variedades de plantas e amostra do solo. Não demorou e na casa em que morava foi instalada uma potente antena. Muito mais imponente que a do Correio e Telégrafos. Se descobriu que era um radioamador. O gringo não era dado a muita conversa, o que gerava ainda mais desconfiança. A boca miúda dizia-se que era agente secreto do governo. Entre conversar com adultos e crianças preferia estas de cá. O que provocaria o boato de que era tarado sexual, e logo ganharia o apelido de papa-figos. Para que meninos e meninas dele não se aproximassem.

Certa ocasião Estives visitou o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, queria saber da existência de algum livro que falasse do município, do seu relevo, tipo de vegetação, composição do solo, essas coisas. Não havia o tal livro. Um menino chamado Alberto disse ao americano que sua mãe, Maria Laranjeiras, em casa mantinha uma pequena biblioteca e já tinha visto entre aqueles, um que falava sobre Santana. O americano ficou interessado e o menino se comprometeu de levar-lhe, o tal livro.

Alberto ficou encantado com a quantidade de instrumentos de observar o espaço que o americano tinha em casa, Curioso mexeu nas revistas de pesquisa espaciais que Estives aos montes tinha espalhadas pelos móveis. O livro que Levou pro ianque ver foi o de Tadeu Rocha. Em troca ganhou vária fotos originais de naves espaciais e astronautas sorridentes metidos nas suas estranhas roupas de andar na lua. Estives não demorou foi embora, abandonou Santana do Ipanema, deixando na casa equipamentos que foi recolhido pelo governo federal. Se o menino Alberto soubesse inglês, e tivesse lido na prancheta as anotações do americano, Santana teria entrado pra história das viagens espaciais. Entre outras coisas os escritos de Estives dizia: “Nas minhas pesquisa chego a conclusão que o solo do deserto do Arizona é mais adequado que os solos do sertão brasileiro, para a efetivação da Operação: Viagem a Lua: Apolo 11.

A bandeira dos Estados Unidos foi hasteada e a ela Armstrong e Aldrin prestaram continência. Em solo lunar. Uma placa foi deixada com a mensagem: "Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade”.



Fabio Campos..

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