O Míssil Fashall (5ª Parte da Saga)


Tudo o que Deus pôs no mundo estava bem ali na frente. O entardecer vinha, com a sua mania de arremedar o dia primordial. Um céu meio trevas, meio luz. O lado obscuro, borrado de farinha de estrela. O lado coral de tangerina, sangrado de dor mortalmente ferido morria, não sem incendiar a parte finita do infinito. O almofadado azul cândido de ruge e chamas não tinha mais nada pra dizer, além do que já havia dito. A estrada, as fachadas das casas magnificamente se amando, e se odiando na mesma proporção e intensidade. Tudo costurado de angústias, delírios, calafrios e neon.

O menino que ia caminhando pela calçada da praça da vila parecia visivelmente perturbado. Talvez não acreditasse que ao fim do dia pudesse recuperar a paz interior. A grande estrela inflamada, como uma imensa lágrima incandescente, calma e lentamente ia caindo. Pra detrás da montanha de esconder esperanças, frustações e o rabo dos dias. Tudo havia sido terrivelmente rápido, incrivelmente aterrador. E era tudo tão sobrenatural. Estava-se, pelo menos, a uns três trilhões de anos-luz distante do que se podia considerar real.

Tagor Fashall, mil vezes por segundo, rememorava o que acabara de suceder. A cada vez que lembrava um novo detalhe se destacava. O por do sol, as crianças brincando no parque, nada daquilo cabia na sua cabeça. No momento sua mente totalmente se ocupava com o que acabara de suceder na casa de Dário. Aquele gato enorme, agigantado diante de si, ainda mais ao pegá-lo em flagrante. Seus imensos olhos acusadores lhe encarando, teve que agir, e agiu. Com a astúcia de uma cobra, cuidadosamente colocou o medalhão no chão. E como um lince partiu no encalço do felino que acabara de se tornar seu alvo e sua presa. O ódio, só ele é capaz de dotar um animal ameaçado, de qualquer espécie, de poderes estupendos. E aquele menino teve agilidade, astúcia e força nunca antes experimentada, pra alcançar num salto descomunal o pobre e indefeso bichano. Assim que o teve entre as mãos torceu-lhe o pescoço. O estalo de vértebras se rompendo daria ainda pra se ouvir um pequeno grunhido e só, estava morto. Teve ainda sangue frio suficiente para pendurá-lo pela coleira, num galho dum pé de manga próximo ao muro que havia no fundo do quintal. Para dar ideia de que o infeliz tivesse acidentalmente se enforcado.

Os homens-répteis do espaço ainda não haviam conseguido o seu intento, de angariar todo ouro do subsolo da ilha, e que pretendiam levar pro seu planeta Urano. Resolveram então preencher o tempo fazendo um estudo aprofundado de como era a vida na terra. De modo particular na ilha. Começaram a catalogar os seres vivos ali existentes. Mais de mil espécies de pássaros foram registrados. Os tentilhões eram maioria. Cada um com suas características e particularidades: bico, plumagem, tipo de alimentação, reprodução. Acabaram descobrindo alguns que não eram da ilha, mas que migravam de muito longe até ali somente para se reproduzirem. Como a ilha possuía muitos rochedos nas encostas, os extraterrestres se divertiam com suas armas fantásticas produzindo esculturas gigantes de suas próprias cabeças. E os totens colossais na pedra lapidados eram levitados e colocados enfileirados na encosta da praia, como guardiões da ilha olhando pro alto mar. Os nativos reverenciavam um deus chamado de Tangata Manu que na língua local quer dizer “homem-pássaro”. Rezava uma lenda que num ano muito distante, houve uma grande erupção vulcânica do temido vulcão Ranu Kau. Uma profetiza por nome de Moto Nui, no mês de setembro daquele ano, foi até a praia, fazer orações para pedir aos deuses que se apiedasse do seu povo, e parasse de vomitar fogo sobre suas plantações, que providenciasse peixes para as armadilhas dos pescadores.

E eis que naquele instante no céu apareceu um homem dotado de asas seguido de uma nuvem de pássaros. A um sinal do homem-pássaro as aves puseram centenas de ovos numa ilhota próxima, e foram embora. Isso foi a redenção dos nativos, tiveram muitos dias de alimento nutritivo com fartura. Desde então todos os anos os pássaros vinham a ilhota que passou a se chamar de Moto Nui. O chefe Zulu criou a festa do Tangata Manu que passaria a acontecer todo ano, no mês de setembro que culminava com uma competição. Sempre no início da primavera quando as andorinhas do mar vinham depositar seus ovos na ilhota de Moto Nui e voavam de volta para o continente. A competição era marcada por uma grande festa que tinha início na Vila Orongo, que ficava na beira da cratera do vulcão RanoKau. Cada clã selecionava um representante, um bravo guerreiro, que devia nadar até a ilhota de Moto Nui distando da ilha cerca de mil pés náuticos. Deviam encontrar e capturar um ovo de Andorinha do mar, nadar de volta, pelo lado sul da ilha, escalar o penhasco, e retornar a aldeia. O primeiro que chegasse trazendo um ovo de Andorinha do mar e o entregasse intacto ao rei Zulu, seria então nomeado “Tangata Manu”. Com direito a escolher uma virgem pra se casar. E passaria a chefiar os guerreiros da tribo por um ano, até que houvesse a próxima competição.  O vencedor recebia as graças e bênçãos de Iva-Atua a profetisa.

A briga do Tiranossauro rex e o Coendou prehensilis abalou as estruturas da caverna. Estrondos horrorosos davam pra se ouvir a quilômetros de distância. Pra piorar a situação, o míssil com a inscrição FASHALL, estava na iminência de explodir, caso as paredes do portal que ruíam caísse sobre ele. Tudo era possível naquele momento. Os amotinados se mobilizaram para colocar o artefato bélico longe do perigo. Tarefa nada fácil, pois mal conseguiam se firmarem em pé. Afinal dois seres ferozes travando uma luta mortal fazia toda a ilha tremer. E os tremores sacolejavam tudo, de um lado para o outro. Tagor Fashall e Antonieta chegaram ao portal. Marcos e Derick do alto de uma elevação observavam os acontecimentos.

Antonieta abriu o “Livro do Reinado de Azeroth”. Na página 364 havia as instruções de como montar um míssil, e logo nas páginas seguintes como desmontar. Incrível como um livro milenar contivesse instruções de como fazer e um foguete de guerra tão recentemente criado. Os escritos estavam em aramaico. Além do que se utilizava de vasta simbologia dando margem a interpretações dúbias. Faltava ainda esclarecer informações como o que era ou quem era o menino-gato? E quem seria o homem-pássaro? Seguindo as instruções do livro Tagor Fashall conseguiu decifrar parte do texto o que o levaria a esta conclusão: “Este é um míssil do tipo exocet, que significa peixe-voador versão MM40 block I; Alcance 70km de distância, a uma velocidade de 1.100 km/h; possui ogiva a base de nêutrons de 365 megatons de potência, pesando 165 kg só a ogiva; seu peso total é de 855kg; Comprimento 5,8m; Diâmetro: 0,35m; O sistema de guiamento e radar ativo.”

Pondo uma das mãos sobre o artefato Tagor Fashall fechou os olhos, e teve uma visão de como aquele míssil fora parar na ilha. Exatamente no dia 17 de maio de 1987, durante a guerra entre o Irã e o Iraque. O exército iraquiano no início do conflito em 1984, lançava mísseis de helicópteros modelo Super Frelon. Tempos depois, do exército francês, arrendou cinco Super Étendard muito mais velozes e eficazes, com maior capacidade de ataque. Aquele fora um dos 1.350 mísseis lançados naquela guerra. Exatamente um dos que fora disparado contra a fragata USS Stark da Marinha dos Estados Unidos. Por um problema no sistema de acionamento não detonou. Não até aquele exato momento.


Fabio Campos 23 de junho de 2015 (Continua...)

EPIDEMIA (4ª Parte da Saga de Tagor Fashall)



Lá estava Antonieta, sentada a um tronco de coqueiro, caído na preamar.  Nas mãos um livro velho, de capa dura, revestida de pano. Cuja gravura ao centro trazia o desenho duma ilha, com algumas construções suntuosas, cercada de floresta. Tudo limitado por um mar que cabia inteiro num imenso tacho, sustentado por três baleias. Enquanto dois elefantes, um de cada lado, atados por cordas as alças do tacho, puxavam em sentido contrário. Era o “The Book of the Azeroth Reign”

Aquele livro continha a história da ilha e do tesouro perdido. De alguma forma Tagor Fashall e Marcos tinham que se encontrar. Era preciso. O menino que sempre aparecia no seu sonho, era provável que ele tivesse, mesmo sem saber, poder para descobrir o dispositivo que acessaria a sala do tesouro perdido da caverna. Ao ouvir os rumores que vinha do lado oposto da ilha, teve certeza que outra catástrofe se avizinhava. Com nitidez em relampejos vinham acontecimentos de mil anos antes. Viu a formação da ilha quando ocorreu o cataclismo chamado de “O Grande Rompimento”, que provocaria a destruição da Fonte da Eternidade. O que acabaria dividindo a terra em quatro continentes. Separados pelo imenso oceano em cujo meio se situava a ilha de Kalimandor. A vinda dos estranhos seres do espaço, em suas carroças de aço. Cavalgando o ar sem tração de camelo ou elefantes. Apenas empurradas pelo hálito de Zeus. Tudo aquilo já havia sido previsto, pelo grande mago Fronzen do reino de Warcraft, escrevera no livro secreto, aquelas aparições que finalmente se tornaram reais. A grande peste negra também profetizada constava do livro do rei. Dizia que o contato dos nativos com os estrangeiros que levitavam nas carruagens de lata causaria o surgimento de uma praga, uma peste que ceifaria a vida de todos os habitantes da ilha. Todos que tivessem qualquer tipo de contato com os alienígenas contrairiam a doença. E todo aquele que fossem por eles tocados se transformavam em mortos-vivos.  Zumbis dos aliens, totalmente dependentes, física e mentalmente.  
  
Os homens maus frequentavam a sociedade da corte, os salões dos palácios reais. Sem nunca se misturarem com gente da classe baixa, a plebe. Os únicos pobres que ainda mantinha contato com a nobreza era a criadagem. Mesmo contra a vontade porque precisavam dos serviços deles. Acreditavam que isolados do contato com a gente dos burgos e feudos jamais contrairiam a peste negra. Estavam, infelizmente, enganados. O objeto de maior desejo de uma criança de outros tempos era uma bicicleta. As mulheres com seus filhos e suas amas iam pros jardins de delícias do palácio. Ali havia enormes pomares, labirintos gigantes. Parques ornados de plantas de magnífica beleza, trazida de diversas partes do mundo. Aves exóticas de cantos maviosos, encerradas em gaiolas de fino requinte. Fontes de águas dançantes, cascatas de águas de cores diversas, diáfanas. Arco-íris que remedava o jardim do éden. Carrosseis dotados de cavalos de verdade. Cavalos árabes, noruegueses, escandinavos, cujas patas maravilhosamente coroadas de longos pelos negros. De crinas lustrosas, sensuais, femininas, sibilantes ao vento. A medida que o lastro redondo rodava, uma música de realejo suavemente deixava-se ouvir e se ouvia. Meninas com seus rostinhos ingênuos, rechonchudos. O excesso de guloseimas consumidas sobrecarregavam seus lindos vestidos. E era como se estivessem sendo levadas para serem batizadas, tendo as amas que fazer de tudo pra mantê-las impecavelmente limpas.  E como gostavam de passearem de gôndolas no imenso lago azul. Onde enormes cisnes e garças, que mais pareciam feitos de gesso, como de propósito, faziam poses para que o fotógrafo lambe-lambe pudesse compor melhor, a solene foto da família. Tudo seguindo rigidamente o tradicional modelo patriarcal. O pai ao centro, sentado convenientemente numa cadeira de vime pintada de branco com apoio pros braços, rodeado da sisuda prole. A matrona trazia o primogênito ao colo. Olhava com seu olhar sereno, de mulher que cumprira fielmente a função dada por Deus de procriar. Solícita posava, pelo marido, pelos filhos, pelo mundo, pra posteridade. Aquele olhar que disfarçava como podia a tristeza da difícil tarefa de ser o que era. Sem conseguir completamente esconder por cima das sobrancelhas arqueadas, um possível sorriso de Gioconda.  

Naquele tempo, já os homens facínoras maquinavam contra o bem comum, contra suas próprias mulheres, contra si mesmos. Muitos foram os que foram dizimados pela peste negra. Uma doença misteriosa que bestializava as pessoas. Iniciava com uma febre persistente, avançava pra convulsões, alucinações, ataques de fúria. Os portadores acabavam de forma horrenda, apresentando pústulas. Por todo o corpo, feridas que secretavam líquido purulento e mal cheiroso. As carnes se diluindo como se o corpo estivesse derretendo. Dissolvendo sem que nada pudesse ser feito para reverter tal situação. Como se os doentes por um ácido terrivelmente destruidor estivessem sendo corroídos. Muitos, foram os que não tiveram essa sorte, acabaram destroçados a dente, ou esmagados debaixo dos pés do terrível monstro surgido das profundas da terra. O grande dinossauro, o devastador, o tirano, “O sauro, o rex”.

Os homens malévolos descobriram que a disseminação de doenças era um achado. Todos saiam lucrando: donos de funerária, donos de boticários, alquimistas, vendedores de xaropes. De tudo fazia o governo para manter imunes, livres da moléstia os que detinham título de poder, os da nobreza. Nas santas escrituras se amparava a igreja dizendo que os sinais dos fins dos tempos haviam chegado. Nessa época surgiram os remédios manipulados pelos curandeiros e magos. O xarope Coca-Cola foi um deles, criado pelos ameríndios no sopé da cordilheira andina, em terras bolivianas. A América o receberia como um excelente tônico contra todos os tipos de males, a baixo custo. O placebo se popularizou, mundo afora se espalhou. Somente muitos anos depois assumiria ser o que sempre fora, um refrigerante. Mas sustentaria até os dias da atualidade o termo xarope. Aqueles acabaram descobrindo que inventar novas doenças era um bom negócio. 

Um importante médico do Reino Unido Dr. Shadwell, em extenso artigo publicado no periódico “News London” declararia sobre o perigo das mulheres andarem de bicicleta. A matéria correu mundo causando grande polêmica.  O médico advertia que “o ciclismo era um modismo que não devia ser incentivado, e principalmente evitado pelo sexo feminino, sob o risco de se tornar uma grave doença.” O sintoma era bem claro: a mulher que adquirisse o hábito de andar de bicicleta ficaria com a “Cara de bicicleta”. Outros médicos mundo afora sustentaram a tese do esculápio britânico. Outros sintomas da moléstia da bicicleta foram sendo acrescentados. Diziam que gerava insônia, cansaço, palpitações, dores de cabeça e problemas de depressão. O que de verdade havia nisso? Tudo não passava de jogo de poder entre sexos. De sentir o status social ameaçado. Preconceito machista contra mais uma conquista das mulheres. A bicicleta passaria a ser considerada mais uma arma contra a supremacia masculina. Fundamentada no patriarcado, de séculos de domínio. Sendo ameaçado agora por um brinquedo bobo de criança.

Derick, o gato siamês do país dos sonhos e da fantasia, disse a Marcos que já era tempo dele saber a verdade. Antes que o dia amanhecesse, antes que ele acordasse precisava contar. E contou:  “Antes de vir parar na ilha do tesouro, Tagor Fashall vivia no mundo real, de onde você veio. Lá, ele ainda não havia sido árabe, nem tinha os poderes da longevidade, e da ciências ocultas que agora tem. Naquele tempo, não passava de um menino, chamado Reginaldo, e tinha um amigo chamado Dário. Nascidos e criados no sertão nordestino. Por toda infância foram muito amigos. O destino cuidaria de separá-los. Dário foi pro sul, fez um teste num time renomado, tornou-se jogador de futebol profissional. Ganhou muito dinheiro ficou famoso. Quanto a Reginaldo jamais saiu da cidade que nasceu e vivera. Toda uma vida de dificuldades viveu. Acabou se casando e continuou a viver, vidinha mansa de cidade de interior. Tornou-se vigilante de uma escola e criava galos de briga. Quanto a mim, nunca fui humano, sempre fui gato. Lá no mundo real, eu era o bicho de estimação de Dário. Foi na infância deles que o crime de Tagor Fashall ocorreu.  Os meninos estavam na casa de Dário.  Eu vivia a última das minhas sete vidas. Dário pela mãe foi levado pra tomar banho, enquanto Reginaldo sozinho ficou brincando numa área coberta do quintal. Entre os brinquedos do amigo, Reginaldo acabou encontrando um medalhão dourado. Era um belo amuleto reluzente que o deixou fascinado. Resolveu apropriar-se do objeto. Quando no bolso ia meter a medalha, percebeu-me lhe encarando firmemente.”  

Fabio Campos 16 de junho de 2015 (Continua...)

O Crime de Tagor Fashall – Lucindo Volta do Mundo dos Mortos (3ª Parte)



Um ser incrivelmente grande, e perigosamente destruidor, naquela direção vinha vindo. E o menino Marcos, do nada surgido, no meio da floresta, atordoado. De repente, um gato siamês apareceu. Passou correndo. Reconheceu! Aquele gato era Derick! Tinha certeza! Pela tonalidade do pelo. A ponta das patas, as orelhas e o focinho queimado, não tinha dúvida era ele. Debaixo do sol àquela hora do dia. Ainda mais bela e acinzentada ficava sua pelagem. Gatos que já havia morrido, a sair correndo do meio da selva. Fugindo de algo do qual tivera medo. Normalmente isso só acontecia em sonho. Certeza não tinha ainda, mas era muito provável que estivesse sonhando.  
 
A vila, e suas casas caiadas. Aqui acolá, uma casa de outra cor que não o branco. Azuis azulejados.  Amarelos alaranjados. Tudo duramente, de sol azougado.  As ruas largueadas, tão espaçosas a ponto de tornar nanico tudo que estava na outra margem. E acabava indo pra outros tempos. Num outro lado de tudo. Num tempo em que o estilo de vida era chamado de colonial, e os modos do povo, feudal. Homens carreando carros de boi. Deles que açoitavam tão violentamente os pobres animais que os patrulheiros da guarda florestal intervinham, e coibiam severamente tais excessos. A roda cantadeira, de pau e ferro, ia carimbando o barro batido. Enfeitando o chão com o par de fitas. Se esticando, se esticando, pra só-quem-sabe-é-deus, pra onde ia. Macarroneando a estrada. Entremeadas de conchinhas, com um “vê”, dos cascos bipartidos. Charretes puxadas à mula levavam e traziam Lordes e Sinhazinhas belamente trajados. Damas, em vestidos de muitos laços, anáguas e babados, graciosos chapéus cobrindo suas longas madeixas. Cavalheiros, de ternos, gravatas borboletas, cartolas. Lenços em tons pastéis, no bolso do peito. Bengalas nas mãos de luvas, as pedras dos broches na lapela, flamejantes, a ferir os olhos dos passantes. As lentes dos óculos do barão. O brasão em latão, no alto do prédio do governo municipal. Sombrinhas não tão atrozmente sérias, sendo armadas com gestual excessivamente túrgido de polidez. Como flor de intumescência insinuantemente sexual. Os estribos das carruagens, vindo calhando como apoio às botas lustrosas, os sapatinhos forrados de fitilho e sianinha. Ao descer corriam a se proteger da poeira, da lama, e do sol. As montanhas do lado do sol poente foram pra tão longe que os olhos marejavam de tristeza só de olhar. No lado oposto, no entanto, havia uma que de tão próxima parecia que se podia tocar com a mão. Pra onde levaram o rio? Lembrou do rio que passava por detrás das casas. Por que o sol mudara de posição? Por que agora ia se por do lado contrário? Era rio temporário, no tempo de outrora não estava seco, pois era inverno. Areal aboletado de cansanção, mancambira, facheiro, maniçoba. Os verdes vistosos. Mandacarus sabiavam Sabiás Laranjeiras. Colibris borboleteavam, doidos pra se deleitar nos peitos cor púrpura das cactáceas. Espinhos longos, pontudos sem nenhum remorso, sangrariam a garganta de qualquer tiziu, que se aventurasse sugar o néctar de um daqueles mamilos. 


Um condado mexicano era o que aparentava. E havia tanta brancura nas coisas que estavam no chão, ou pairando no ar, no céu azul, e nas nuvens. A torre da santa igrejinha branquinha com o mesmo formato do portal do tempo. Na taberna que Tagor Fashall bebeu vinho só havia breu. No mundo dos sonhos era assim. Ninguém tinha a menor ideia do que iria acontecer no momento seguinte. Derick era todo cinza, perto de meio dia ficava azulado, e totalmente negro de noite. Um apartamento cor de rosas vermelhas, encimado num primeiro andar. Em baixo ficava a garagem. Lamparinas pendidas do teto, em silêncio àquela hora da matina, pra não acordar os pirilampos. A escada tão perpendicular, e de tantos degraus, que se não tivesse cuidado levaria Marcos pro portal que dava acesso a ilha. Era só chegar da escola dormindo e pronto, ia pra lá. Já havia esquecido porem ao ver novamente, acabava lembrando. Aquela estrada que ninguém sabia de onde vinha, nem aonde ia dar. Aquela estrada todo dia passava e levava um velho puxando uma mula, igualmente velha. Tinha agora mesmo que recomeçar. Mas por onde mesmo começar? Pelo livro que Antonieta lhe dera. Não demoraria a descobrir que aquele não era apenas um livro. Era um livro mágico que o levaria a descoberta de todo mistério. A mãe de Derick viu quando Rafael Bertrand chegou na sua motocicleta barulhenta, entrou na garagem. E ela, a gata Milu sorrateiramente entrou também. Ninguém sabia, somente ela mesma, que estava prenha e acabou tendo ali sete gatinhos. Acontece que cinco deles acabou entrando pelo portal do tempo, somente dois deles permaneceu ali.  


Chiclete e Bola de gude foram estes os nomes que Marcos pôs nos dois gatinhos. Foi numa manhã que seu pai mandou pegar uma chave de fenda, pra consertar sua bicicleta, que os descobriu escondidos dentro dum caixote debaixo da bancada. Com medo que seu pai descobrisse e resolvesse livrar-se dos intrusos, com os dois bichanos selou um acordo, manter-lhes-ia escondidos em segredo. A mãe de Marcos nunca desconfiou, nas refeições ele colocava um pouco de comida num guardanapo, guardava no bolso e levava pra Chiclete e Bola de Gude. Saindo em disparada Marcos conseguiu alcançar Derick, os dois se abrigaram numa fenda da rocha. Passado o susto conversavam bastante na entrada da gruta do Santuário. Falaram do trovão, e da parede que o grande dinossauro derrubou quando passou. Derick sabia de muita coisa, sabia que Tagor Fashall havia sim cometido um crime, e por isso jamais encontraria o tesouro perdido. O tesouro reservado estava para uma pessoa sem culpa, e que só boas obras tivesse realizado na vida. Derick achava que Marcos tinha chances de descobrir o tesouro, porem não seria fácil. Prometeu noutra oportunidade contaria mais sobre Tagor Fashall. Na hora do desespero os amotinados haviam fugido, e agora, aos poucos retornavam. Encontraram o acampamento totalmente destruído. Semelhava a destruição de um rio quando vinha uma enchente. Dos alienígenas nem sinal. Apenas o feixe de luz tênue que saía do cume da montanha subia até o espaço, e desaparecia de vista quando atingia o fim da atmosfera. Tagor Fashall e Antonieta tanto caminharam pela praia que acabaram chegando ao outro lado da ilha. Morion Lucindo havia voltado pra vila, Émile Passion ao vê-lo desmaiou. Foi forte demais pra ela, ver seu velho pai são e salvo, voltar da terra dos mortos. Tanta era a curiosidade dos aldeões que iam à oficina, a verem com seus próprios olhos o morto-vivo. Somente na aparência o ferreiro da aldeia parecia o mesmo. Estranho estava no modo de agir, parecia outra pessoa. Uma questão ainda tinha que ser esclarecida, quem realmente o assassinara. Fora intimidado a depor, mas teria dito ao delegado que de nada recordava. O homem da Lei confabulou que das duas uma: ou ele queria livrar o sobrinho Rafael Bertrand do crime, ou reforçava a tese de Tagor que aquele não era Seu Lucindo de corpo e alma. Achava que seu corpo estaria hospedando um alien, retornara a vila tão somente para investigar, e levar informações para os extraterrenos. Quando alguém perguntava como era no mundo dos mortos, Seu Lucindo contava uma história: 


“Assim que a gente morre, Hermes o deus mensageiro, dos pesos e das medidas, vem ao nosso encontro, e conduz nosso espírito até o reinado de Hades, do rei Érebo da terra dos mortos. Um palácio sombrio e sinistro com portões monumentais, eternamente guardados por Cérbero, o cão de três cabeças e cauda de serpente. Mediante o pagamento do óbolo o barqueiro Caronte, em sua barca, atravessa os mortos através do rio Aqueronte. Minha filha Émile pôs a moeda de um danake debaixo da minha língua por isso pude pagar. Porem vi muitos mortos que não tendo como pagar estão à margem do rio, e lá permanecerão por toda eternidade. A terra dos mortos fica no extremo ocidente, além do rio Oceano, muito abaixo da superfície da terra, lá se encontra o portal do castelo de Cumas. No topo da montanha de Aqueron. Onde nascem e descem vários rios. O Rio Flegetonte, o rio de fogo, que purifica os espíritos de tudo de ruim que adquiriram em vida. O Rio Cócito, o rio do pranto e do lamento, onde as almas se arrependiam de tudo de ruim que fizeram na terra. O rio Erídano, o rio em que os mortos têm de prometer nunca contar aos vivos o que viram naqueles domínio. Rio Lete, o rio do esquecimento, os mortos são obrigados a beber de suas águas para esquecer tudo o que haviam vivido aqui na terra. O rio Estige, o rio da imortalidade, ao beber de sua água os homens se tornam imortais. E finalmente o rio Aqueronte, o rio da eterna aflição, onde as almas experimentam a travessia, donde nunca mais podem voltar. O feroz guardião permite somente a entrada, não deixam porem ninguém mais sair. A morte é um caminho sem volta. Não foi pra mim, porque os espíritos dos planetas distantes me resgatou.


Nem tudo no mundo dos mortos é só aflição. Têm os Campos Elísios, também chamado de “Ilha dos Bem-Aventurados”. Um lugar aprazível e de grande beleza pra onde são levados os heróis, os santos, os poetas. Ali o sol brilha eternamente, e dum alto monte cai uma cascata de vinho, onde se pode beber quanto se queira, sem se embriagar. E o vale das almas Nemôsine, os iniciados em desvendar mistérios. Os que estão ali ficam mil anos, até apagar-se tudo de terreno que houver neles. Depois dessa purificação, lhes são revelados os segredos do portal, e por isso poderão um dia voltar a terra, em forma de animais.”


O Grande Dinossauro por onde passou grande estrago fez. Ninguém sabia, mas viera das profundezas da terra atendendo um chamado dos aliens. Das profundezas glaciais da ilha, o fóssil acordou. Controlando sua mente através de uma mensagem telepática, os alienígenas lhe encarregaria de tirar, com sua força, uma grande pedra que obstruía o acesso até a sala do tesouro. Pra chegar até lá, o réptil pré-histórico destruiu tudo que viu pela frente, árvores enormes na floresta, o acampamento. Suas pegadas ocasionaram crateras que um dia se encheria com água da chuva e seriam chamados de açude.  Enquanto fazia a escavação o Tiranossauro Rex acabou encontrando um Coendou prehensilis, um Quandú gigante, que hibernava dentro de sua toca. O roedor tamanho família acordou furioso. Os dois bichos se atracaram. Acredite, a briga foi feia. 


Fabio Campos 08 de junho de 2015 (Não foi ainda o fim...)

   

O Crime de Tagor Fashall - A ILHA - (Parte 2)


Tagor, e a praia. Tanto tinham pra descobrir um do outro. A faixa de terra, aos confins da terra indo. O cabelo de Antonieta gritava ao vento, almejando  mesmo infindo mundo de areia. Os olhos, porem jamais alcançariam. Coqueiral feito pingente espetando o céu de longos palitos, marrons. Ostentação de buques, exuberância de palmas verdes. Cachos frutíferos de alvas polpas, dente de leite, de caldo salubre. Embora não parecesse, havia civilidade, havia vestes de bordados, vestes de muito esmero. Seu perfume tinha um quê de selvagem. Fio de fina poeira, batizando de sal, e de sol, o dia. O mar declamando poesia ao vento de barcos e jangadas, que nunca atracavam. O mar, recitando versos, de marinheiros que jamais pisaram terra firme. O mar, de piratas e corsários que viviam buscando tesouros perdidos. Tesouros guardados por espíritos de gente morrida de morte atormentada. E não satisfeitas, nem conformadas com a partida adiantada, jamais aceitariam que viessem buscar o que sempre lhes pertencera. 

Os meninos das bicicletas. Do nada, se perceberam que velhos estariam ficando. Cinco, sete e nove anos tinham, quando se deram conta disso. E quedaram de tristeza, ao descobrirem que os velhos eram pessoas tristes. E desejaram do fundo de suas almas jamais ficarem grandes, e velhos. E ter que assumir destinos que fizesse com que ficassem distantes uns dos outros. E nunca mais se veriam, não como antes. Por ocasião das festas do padroeiro da vila, quando tivessem oportunidade, ao se verem, disfarçariam, baixariam a cabeça, olhariam pro lado contrário. E tristemente seguiriam seus pobres caminhos. Sem o menor escrúpulo a sepultarem meninos vivos. Por asfixia morreriam seus pobres coraçõezinhos. Aqueles meninos precisavam conhecer Tagor Fashall. Com ele buscariam o que mais queriam, o segredo para chegar a ilha da eternidade. Onde eternamente meninos brincavam na praça. Onde eternamente seria o para sempre de suas vidas. Marcos, João e Lucas iam pra escola. Lucas estudava em duas escolas. Uma na vila, e outra que ficava num lugar além do que permitia seu entendimento. Nenhuma ficava perto de sua casa. Tão distante que ele pensava que talvez não existisse, porque tinha que acordar muito cedo e saía de casa praticamente dormindo. Escovava os dentes dormindo, tomava café dormindo, entrava no ônibus dormindo. E sonhava que estava indo. Por isso considerava que uma escola era de verdade e a outra só existia em um mundo onde não havia homens, nem velhos. Somente meninos sagazes como Tagor Fashall.

 Um bando de facínoras avançava pela praia. Não viam os meninos, os meninos no entanto os viam, dentro dos seus sonhos. Naquele entardecer da cor de sangue, de olhares aflitos, com vigor avançavam os homens ferozes. Tagor Fashall também os via. Dispostos a lutar, até a morte eles lutariam. Ainda que pela sétima morte consecutiva, lutariam. Contra os espíritos guardiões de segredos, de ricos tesouros, de sonhos de aventureiros, escondidos. Sonhos possuidores de forma e luz, não muito bem definidas. E era tanto brilho que punham-nos cegos, cegos de furor e ambição. Tagor e Antonieta estavam lá. E porque se ocultaram não foram vistos. Muito perto de descobrir o mistério do terrível monumento. A estátua de Mutuno Tutuno. Para não se tornar prisioneiro eterno da caverna, o segredo era não encarar o tontem talhado na pedra, no interior da caverna. Ele estava lá no meio da floresta, da ilha que abrigava suntuosa riqueza em ouro puro! Ao ficar de frente a estátua do bisão de bronze empinando as patas dianteiras o pênis ereto. Nenhuma mulher devia fixar os olhos, nos olhos de pedras de jaspe do deus Mutuno Tutuno pra não ser por ele enfeitiçadas. As virgens que pretendiam se casar, naquele ano, tinham que passar pelo ritual pré-nupcial. Sob uma espécie de transe, eram obrigadas a serem desvirginadas fazendo sexo com a estátua de Mutuno Tutuno. 

Tagor sabia que em algum lugar daquele altar de sacrifícios, havia um dispositivo escondido. E que ao ser tocado abriria o portal que daria acesso à sala do tesouro milenar. Ele viu em sonho, era uma montanha de peças em ouro fundido. Pertences reais, de toda dinastia de imperadores Inca. Urnas mortuárias guardavam cabeças de nativos mumificadas, ossos de animais selvagens, carcaças de javalis, entre os caninos exibiam ossos humanos. Estendidos feito varais um hieróglifo feito de cordéis enlaçados, narrava uma epopeia de luta entre desbravadores e nativos, acontecido a dois mil anos antes daqueles dias. A gênesis de tudo, dos povos andinos. A narração em versos encerrava porem um código de acesso. Era preciso traduzir a narrativa escrita num dialeto Inca, depois juntar as quintas letras de cada palavra, uma mensagem seria decodificada,  que revelaria onde se encontrava o tesouro encantado. Uma maldição porem, cairia sobre aquele que na tentativa de decifrar, falhasse um sinal sequer que fosse. Imediatamente entraria num processo de decomposição, e mumificação. Maldito tesouro encantado! Não fora a civilização  que escondera o mistério como muitos acreditavam que fosse. Tagor temia apenas uma coisa, que os alienígenas encontrassem primeiro que ele o precioso relicário, do vil metal.

O bando acabou chegando à entrada da caverna. Não sabiam, mas a trilha que seguiam levaria a um imenso vão que parecia uma espécie de estaleiro, e laboratório. Aonde seres alienígenas realizavam pesquisas. Tagor a beira dum regaço, viu o interior da caverna se refletindo no espelho d’água. Viu Morion Lucindo trabalhando junto com os alienígenas. Entendeu que os homens do espaço o trouxera da terra dos mortos, porque tinha conhecimentos sobre metais. Além do que leram em sua mente a história do tesouro. Nem todos os motinados haviam entrado na caverna. Deles que ficara montando vigília num acampamento próximo a entrada da gruta. Os que haviam entrado, secretamente espiavam os extraterrestres, que realizavam estudos em cadáveres de nativos. O calor, o mau cheiro dos seus corpos, acabaria denunciando a presença dos intrusos. Não teve como não haver luta. Uma luta desigual, desumana. Pobres amotinados atacaram com o que tinham espadas, adagas, porretes. Enquanto que seus adversários, possuíam armas poderosíssimas, capazes de desintegrar um homem em milésimo de segundos. 

O primeiro encontro de Tagor e Antonieta foi a coisa mais linda que o mundo um dia pode presenciar. Por um bom tempo permaneceram calados, enlaçados. Como se dois corpos fosse um só. Pareceu o momento da Criação. Primeiro homem, primeira mulher, por Deus, na areia da praia moldados. A pele granulada de quartzo e frio, ainda guardava o cheiro, como de sabonete Alma de Flores depois do banho. O perfume passeando sobre as unhas, de dedos longos exploravam vastos e perfeitos montes dos seus corpos. Narinas e pupilas dilatadas. Nada, nada daquilo tinha de comum. Suas roupas largadas, pacientemente esperavam. Os cílios intumescidos, molhados de amor. Olhavam pro alto mar, sem precisar de resposta alguma. Até porque não queriam, nada mais interessava. A bela moça não era mais menina, não era mais criança. Nunca, jamais fora. 

A grande máquina dos homúnculos do espaço, através do ouro como matéria prima, produziria um elemento químico que seria útil no planeta Urano donde vieram. Pelo menos dois mil anos-luz distando da terra. Tinham que levar pra seu planeta todo ouro que encontrassem no subsolo da terra. Os Uranianos tinham a aparência, um misto de gente e de répteis gigantes. Mediam cerca de dois metros de altura, e suas mãos e braços se alongavam feito línguas de sapo, sempre que quisessem. A máquina de fabricar Megano ficava bem no centro da gruta. Dotada de centenas de painéis com luzes piscando, braços mecânicos, piças biônicas, roldanas cibernéticas, e coroas dentadas. Uma luz de cor verde  emitida como um raio quase invisível subia até o firmamento. Um elo de ligação com uma nave-mãe, suspensa muito acima da extratosfera. O bando que ficara na entrada da gruta, nada sabia do combate em que seus companheiros se envolvera, e que foram praticamente dizimados. Sob a luz da lua realizava o ritual do milho, uma dança de agradecimento ao deus Zea May, faziam uso de plantas alucinógena. Também mastigavam a folha cujo sumo provocava uma dormência na boca e tinham visões fantasmagóricas. 

O menino Marcos, o que tinha cinco anos, de repente estava lá. Bem no meio da selva, sozinho. Como tinha ido parar lá sinceramente não sabia. Certeza não tinha se era tudo real, ou se se tratava de sonho, a caminho da escola, no banco do ônibus escolar dormia. Marcos, já conseguia ler as primeiras palavras, e leu: “F.A.S.HALL” no bojo metálico do míssil que jazia no início da escadaria do templo. Na verdade uma sigla, que significava: “Tudo pela Força Aérea da Sérvia” O míssil, o templo, a ilha, o que de real havia naquilo tudo, além dele? Uma coisa entendia precisava encontrar Tagor. Pensou que o melhor que fazia era fechar os olhos, e voltar pra dentro do seu sonho de verdade. E claro, torcer pra não mais acordar naquele lugar. Algo gigantesco que provocava tremores compassados no chão se aproximava. Monstruosos o suficiente para destroçar árvores enormes com facilidade espantosa. A muito, encontrar um dinossauro, era tudo o que mais queria. Jamais considerando, no entanto, aquele, lugar, nem momento, pra que isso acontecesse. É sempre assim, quanto mais uma coisa negamos, mais o universo conspira pra que aconteça.

Fabio Campos 02 de Junho de 2015. (Ainda não é o fim. Aguarde; Continua...)