SAMURAI E GUEIXA E Mais Pensamentos e Vídeos pessoais


SAMURAI


Imagem de um dos sites de "desenhos de samurais" do Pintirest.com.br Tida como de domínio público.

SAMURAI                   POESIA


UM PALHAÇO SEM GRAÇA

NA RUA NÃO SAI

SAMURAI

DUAS MÃOS FORTES

SEGURAM UMA ESPADA

DE NOME ESTRANGEIRO

QUE GIRA NO AR, PONTEIO

CORTE CERTEIRO

CAMINHA COMO UMA MARCHA

DIFERENTE DA GUEIXA QUE DANÇA

TRÊS COISA TEM GRAÇA NO ORIENTE:

A GRAÇA, A GUEIXA E O ORIENTE

O PAGODE FORMA OS QUATRO

QUANTOS CANTOS DA TERRA

DO SOL NASCENTE

CINCO, SE ANDARES ENCONTRARÁ

CERTAMENTE, O PAGODE

SIGNIFICARÁ O QUE O HOMEM

IRÁ PRECISAR NA VIDA:

FOGO, TERRA, ÁGUA, CÉU E AR.

FABIO CAMPOS, 05 DE JANEIRO DE 1979.


GUEIXA

Foto do site imagens de gueixas do Google chorme by Pintrest. Tida como de domínio público.


A GUEIXA           POESIA


ELA IRRADIA UMA LUZ

INVISÍVEL

MAS QUEM A INTERPRETA

ELA CONDUZ

TODA SUA MEIGUICE

E PUJANÇA

TRAÇOS MACIOS DE MENINA

MOÇA, CRIANÇA

ENTREGA COMO QUEM RECEBE

E SORRI COMO A ROSA

AO POLÉN

Ó GUEIXA!

TUDO ÉS

UM NOVO ESTADO DE ESPÍRITO.

FABIO CAMPOS, 04 DE JANEIRO DE 1979.




PENSAMENTOS 

O vício é um cativeiro, que só o prisioneiro é quem possui a chave da liberdade.

A fama é uma luz, que quanto mais ilumina, se vê menos

O único erro da humanidade, conscientemente, é o erro.

Um sábio pensa ótimo, dois sábios, se entendem, pensa bem; três sábios pensam tão bem! Porém se descordam.

Se pensarmos só em deixar bens materiais nesse mundo, os sólidos só servirão para tornar a lápide do nosso túmulo mais fria.

Fabio Campos, 03 de janeiro de 1979.

POR DO SOL NESTE SÁBADO, VISTO DA PRAÇA ROTARY CLUB, 
EM SANTANA DO IPANEMA-ALAGOAS




EU E MEU NETO DOMINIC, NO FINAL DE TARDE DESTE SÁBADO, NA PRAÇA ROTARY CLUB COM FRENTE AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE.






MAKING OFF



 NA PRÓXIMA POSTAGEM , TENTAREI FAZER O PASSINHO DO ORLANDINHO! QUE FEZ VIRALIZAR A MÚSICA "O CARPINTEIRO" NA INTERPRETAÇÃO DE ELIAS MOKBEL.



POR

HOJE

É SÓ

THE END           FIN      FINE                   FINALE                               EL FINAL 

A LUA POESIAS, MÚSICAS, FOTOS




FOTO DA LUA, NA NOITE DE 26 DE MAIO DE 2021. DA SACADA DE MINHA CASA, PRÓXIMO DE 21 HORAS.

METAMORFOSE   POESIA

CHEGOU A NOITE
DE LUA MAGRA A CLAREAR
DE ESTRELAS FRIAS
A LUA
DE LUAR LEVE
LUAR LEVADO
LEVE VELAR
LEVE VALORES A PERNOITAR
A BRISA
QUE CHOCA AS ÁRVORES
AS FOLHAS DAS ÁRVORES
CHOCA O CHOCAR
METAMORFISA O CRUEL
O CRUCIAL
O QUE NÃO FOI
NÃO VEM
NÃO VAI CHEGAR

FABIO CAMPOS, 22  DE JANEIRO DE 1979.

HOJE A NOITE  LÁ NO CÉU, TINHA UMA LUA ENORME, QUE DEU-ME INSPIRAÇÃO PARA RELEMBRAR, NAS REDES SOCIAIS, 
TAMBÉM AQUI NO BLOG, 
DE ALGUMAS  MÚSICAS, COMPOSIÇÕES DE OUTROS ARTISTAS QUE FALAM DA LUA...
 TEVE AS QUE, LEMBREI ENQUANTO DIGITAVA MESMO...

"A LUA vem surgindo cor de prata/ no alto da montanha verdejante
Carlos Galhardo canta Freire Júnior"

"LUA, ó lua cor de prata/ me diga por favor/ a onde anda aquela ingrata/ Lua me diga por favor/ se ela anda sozinha ou se tem um novo amor?
Borba di Paula"

"...e a LUA malandrinha pela brechinha da telha/ fotografando meu cenário de amor. 
Flávio José

Lá vem a LUA saindo por detrás da bananeira/ Não é lua não é nada/ era eu com caganeira.
domínio público

A deusa da minha rua/tem os  olhos onde a LUA costuma se embriagar/nos seus olhos eu suponho...Newton Teixeira

Eles todos estão errado/ a LUA é dos namorados.
Marchinha de Carnaval

Um dia noite de LUA, abri a porta e fui cagar na rua/ a merda endureceu/ passou um carro e furou o pneu.
Paródia em cima de uma música de parada militar.[década de 60]




METAMORFOSE     FOTO DA POESIA ORIGINAL NO CADERNO DATADA DE 22/01/1979



EU E MEU NETO DOMINIC, DE 1 ANO E MEIO




FOTOS DA RUA, NA MESMA NOITE DA LUA...




EU, E NOSSA SENHORA SANTANA, PROTEGENDO-ME! 
FOTO NA ESCOLA SENHORA SANTANA, HOJE.

"PROTEGEI-NOS AVÓ DE BONDADE!" Assim diz o Hino de Nossa Padroeira.
VOVÔ AMA...

MAKING OFF...

O Carpinteiro original com o cantor Ronnei Von[versão original de 1967
Youtube.com.br



Eu, num Karaokê com o acompanhamento original da música "O Carpinteiro"



Vamos gravar também com o arranjo que o cantor Elias Mokbel fez pra música 'O Carpinteiro."

POR HOJE...

É SÓ!

THE END.



O CARPINTEIRO

NO MEU CONTO DE FADAS
UM CARPINTEIRO
SOZINHO SEM NADA
TAMBÉM SEM DINHEIRO

AMAVA A PRINCESA
MAIS LINDA DA TERRA
MAS TINHA CERTEZA
QUE NADA ERA PRA ELA
SE EU FOSSE UM CARPINTEIRO
E VOCÊ PRINCESA
EU SEM DINHEIRO 
VOCÊ COM A NOBREZA

MAS UM DIA ELA PASSOU
SEM NADA SABER
QUANDO VIU LOGO AMOU
COM ELE FOI VIVER

DIGA MEU BENZINHO
SE VOCÊ ME AMARIA
E COM TODO CARINHO
COMIGO CASARIA.

 COMPOSIÇÃO: TIM HARDER [1967]INTERPRETAÇÃO: RONNIE VON [1967]



 EITA! TÁ DANADO...

A INQUISIÇÃO Conto o último da Série PAN-PASC 2021.


 

O porco, lentamente voando, passando entre nuvens, escuras, ameaçadoras de chuvas. A pele rosácea, viscosa, brilhando um brilho mórbido, diáfano. Feito enorme dirigível. Os olhos fechados, como em transe, em profunda hipnose. Nuvens tenebrosas, como num sonho, um pesadelo que para a maioria, não significava coisíssima nenhuma. Não, não podia abrir os olhos. Tinha medo que a visão do suíno voador pudesse realmente estar lá, no alto. Sobrevoando as cabeças. Pior, era que ele conseguia ver sua consciência. Facilmente entrava dentro dela. Conhecia todas as suas manhas, seus segredos, suas vontades mais secretas, suas malditas memórias, os pensamentos de morte. Podia ver, bastaria que lembrasse. E era o que mais acontecia. Rememorava, na pandemia tinha tempo pra isso. Revia todos os seus pecados. A pandemia e suas malditas finalidades. “Mente vazia, oficina de Leviatã.” Significaria o ponto de partida, para alguns. O ponto final para outros. Tivesse ou não preparado. Achasse ou não que não merecia partir, ou que devia ficar. A maldita lepra, e sua estúpida segregação. Não apenas dava, mas também solapava, solavancava, apossava-se dos nervos.  A capacidade de sonhar, era uma delas. A última coisa que já mais imaginou que um dia pudesse acontecer-lhe. Confessar-se com, e a um porco. O abafado do dia, fazia-o suar às bicas. Empapava a camisa, colada a sua adiposidade cutânea, peluda. Contaria tudo, tim-tim por tim-tim. E a ninguém mais além dele próprio, ia doer.

Filho, você roubou? Sim havia roubado. Vilipendiou? Havia vilipendiado. Luxuriou? Havia luxuriado. Fora omisso, preguiçoso, orgulhoso, mentira algumas vezes [pediria pra trocar a palavra mentira por: faltou com a verdade]. Fora soberbo, vaidoso, seboso, orgulhoso. Pior, tudo fizera na frente de outros humanos. Nada disso era imperdoável. Precisaria recompensar pessoas com dez, cem, mil vezes o que havia subtraído deles. O tempo era propício, porém não ajudava. Mostrou-lhe lá no livro de sua consciência que levantara falso testemunho. Não lembrava em que ocasião teria isso ocorrido. Bem, o que fizera estava feito. O cachorro que se coçava das pulgas na sarjeta, sorriu-lhe, enquanto mordia-se. Ruborizou-se de vergonha, não ousou encarar o pobre diabo.

O palhaço assassino, a menina diabólica, a boneca psicótica. Àquela demoníaca tríade, seria o corpo de jurados? Não lembrava nunca de ter convidado àqueles personagens macabros, para a festinha de final de semana em sua casa. No entanto estavam lá. O inferninho começava no sábado à tarde. Regado a uísque, cerveja, cigarro do capeta, pó de mico. Rock de estourar os tímpanos, curtido até alta madrugada, do domingo. O sol das manhãs de domingo. O mais vagabundo de todos dentre os sóis do mundo. Convidava a todos a ficarem nus, a despirem-se das roupas, dos pudores, das vergonhas, dos preconceitos, dos dramas, que os arrastavam por suas vermiculares e fugidias vidas. Por semanas, meses, anos, décadas, furtivamente, a se esconderem no ventre das segundas-feiras, junto as pernas encolhidas. Tão encolhidas que os joelhos quase tocavam a testa. Precisaria de muitas doses de vodka pura. Até que sentisse a língua dormente, as narinas dilatadas, os olhos expulsando lágrimas, nunca desejadas. Engasgo com gosto de pó, e som. Apagava.

No país dos pirulitos a vida, era bem diferente. No país do algodão doce a vida era outra. O fim do mundo, ali, jamais significou o fim de tudo. Pelo contrário, já tudo encenado, preparado cada profissional no seu canto posicionado, pronto para agir: fotógrafos, cinegrafistas, iluministas, iluminadores, cantores, tenores, sopranos, bailarinos. Todos esperando o momento exato de atuarem. Pode ter certeza eles agiriam. Ninguém contava com o “Grand Finale” nunca, jamais aguardado. Embora, no subconsciente todos sabiam: um dia ele viria. Era um mistério pandemicamente, fantástico.

O mistério começava com a falta de cor. O coquetel, a taça de cristal, sobre a mesa de vidro preparado para matar, pacientemente esperavam sua vítima. O cálice transbordante de amor, de ódio, esperando para ser tragado. Uma imensa cobra, aparentemente inofensiva descendo sobre o braço da moça, de pele alva, passando sobre seus seios. Lânguida aceitando o carinho, do roliço ser, deslizando, em direção ao seu sexo, volúpia, frenesi. A piscina, a água fluída, lâmina cortante, cor de sangue framboesa, tingindo de vermelho o blue do azulejo balançante. Feito gelatina. Nunca abusavam disso.

A praça, o mago, o mágico, o farsante, o encantador de serpente, o menino triste, o espaço que dava medo, a estrada que nunca acabava, a palavra que sangrava, o perdão, o sim e o não, a poesia com resquício de verdades, cegas. Um imenso saco de plástico, inflado, preso ao lustre de cristal, pendia do teto branco. Era parte de uma brincadeira estúpida: lá deviam colocar todas as preocupações: dívidas, dúvidas, incertezas. A cada festa, para ser estourado no final. Tatuado de adesivos de diversas cores e ideologias. De um buraco branco emanava pensamentos desocupados de preocupações. Explodiam xingamentos de um buraco no balão. Ouvia-se gritos horripilantes, de criaturas horríveis em aparência e em espírito, ameaçavam destruir um terço do povo do mundo, ódio ao que fosse certinho demais, adorar um ente chamado Divoc.  E riam dele.

As aflições, os gritos endoidecidos partiam de todos os lados. As luzes faiscantes e silenciosas das ambulâncias se indo, levando mais um que talvez não voltasse. Teve saudade de um tempo que era inocente. Ainda criança, escondido de todos, provou um pouco de cerveja, numa festas de aniversário. Correu ao vaso sanitário pra cuspir fora. Foi ficando jovem, se acostumando, acostumando. E tudo virou uma salada de frutas, que nunca teve frutas. Secas de vida, de gosto duvidoso. Era tudo um cilada, enganação.Tudo uma grande mentira, insípida, e, deliciosa mentira. Não existia salvação onde prevalecesse a mentira, quase que sabia disso. Só que não teve ninguém que ensinasse como sair dela.

O corpo da terra, lentamente sendo cultivado. A chuva favorecia. Os corpos sem alma, um a um, desciam para o abismo. As nuvens, as flamulas, as bandeirolas, balões infláveis, as festas, nunca mais seriam a mesma, jamais, do mesmo jeito. Os sorrisos que partiram, deixaram saudade. Viraram números. Não tinha como evitar, irremediavelmente esquecidos. Para onde iam, ninguém sabia.

Fabio Campos, 22 de Maio de 2021.

POESIAS,FOTOS, PENSAMENTOS...MEU E DE AIKA


DESENHO DE MINHA AUTORIA DATADO DE 20 DE DEZEMBRO DE 1978




NA FRENTE DA ESCOLA SENHORA SANTANA CHEGANDO PARA CUMPRIR HORÁRIO HÍBRIDO COMO PROFESSOR

POESIA "A LUZ" 


DESENHOS DE AIKA, DE MAIO DE 2021.










MAKING OFF...

RECITAÇÃO DE POESIA "A LUZ"





THE END 

LE FINALE

EL FINALE

O FIM...





 

DIA ASSIM, TÃO DOWN... Da Série PAN-PASC 2021.


 

A tristeza dos dias, multiplicada pela ceifa de vidas com a pandemia. Um dos mais triste dia que vivera, foi o dia que sua mãe partiu. O trauma ocorrera, um pouco antes do início da virose. Estaria vivendo, naquele momento, outra grande perda. Um amigo, se fora. O céu carregado de nuvens, uma constante, um aviso, um presságio. Sempre, sempre perguntava: céu, tem algo a dizer-me? Ele porém, permanecia calado. As chuvas ficavam rodeando, rodeando, trazendo seu vento frio, sua cor cinza de coisas frias, queimadas, molhadas de tristeza. Corria por detrás da serra. E de surpresa pegava-o, a caminho do mercado no início da rua, a comprar mantimentos.

A igreja, ávida de silêncio, de sepulcrais velas choronas. Cheia de rezas sussurradas, silvo abafados escapados dos lábios, trêmulos. Escondidos pelas máscaras. O brilho emanado dos lustres, indo refletir-se nas pedras polidas, no fosco verniz que cobria os santos. A madeira aparelhada das bancas, nada entendia, nada queria, nada compreendia, cega de sentimentos. Apenas, fazia, os outros sentirem o cheiro da cruz. O aperto no coração, entre ave-marias e padre nosso. A comadre falou, que teria morrido exatamente na hora que se encontrava na igreja. Solidão, distanciamento das pessoas, a máscara sufocante, tapando a reza, tapando a respiração, tapando a vida. Tapando a morte.

A moça vestia seu melhor short. Cheio de rasgões que deixavam ver pedaços de pele mais alva, pedaços de tatuagens, que fizera escondido da mãe. A ponta de uma flecha que mais parecia um falo peniano, um rabo de peixe, algumas pétalas de flor. A pele naquelas nesgas, por não receber luz solar como as demais partes do corpo, mais clara. O cabelo, vontade de pegar, de cheirar. Sentir sua maciez, sua textura, seu sabor de abacate e avelãs, anunciado no xampu que usava. Aproximaria seu rosto, sua boca, perto da orelha dela. O quente de sua respiração, descendo pelo seu pescoço. Um beijo na fronte. Seco, mudo. Malícia quando apenas um sentia, acabava tornando-se abuso.

O aparelho móvel de telefonia, insistentemente tocava. Porém, ninguém ouvia, ninguém sentia-o, ninguém atendia-o. Se ao menos alguém olhasse para o aparelho, perceberia a luz emanada dele, a vibração. Quem sabe, o amigo que partira, querendo despedir-se, dos amigos, da família. A hora registrada acusaria isso. Alguém atenda esse telefone, por favor! Ninguém atendeu. Gravou uma mensagem de voz. Comovido disse que sua hora havia chegado, sentia isso, uma luz muito intensa estava vindo da parte de cima, não era nada físico. Não tinha nada a ver com as luzes do hospital. Não cegava, não emanava calor. A respiração antes ofegante, foi se tornando algo que não mais lhe pertencia. Pediu a enfermeira o aparelho de telefonia móvel emprestado. Queria despedir-se da esposa, dos filhos. Não conseguindo, apelou para um homem negro, vestido num terno branco, que estava ao lado da cama. Emprestou-lhe seu aparelho, que de tanta luz, mais parecia uma lanterna ligada. Aproveitou pra se despedir de todo mundo. Mandou que cada um se cuidasse. A paz que estava sentindo era tanta, que não sabia se queria ficar.

O caminhão do lixo, com sua betoneira magicamente colorida, porém, fedida. Ia exalando cheiro ruim, no leito da via urbana. No colo do avô, o bebê ficou admirando, enquanto o comboio passava. Os olhos pretos, brilhantes captavam o mundo, aprendia algo mais. Humanamente maquinal, os homens recolhiam os sacos de lixo nas calçadas, nas portas das casas. Homens com macacões alaranjados, cheio de adesivos de cores berrantes. Pareciam robôs, desses que os laboratórios de cibernéticas fabricam e logo descartam por considerarem inadequados. Abruptos, brutos, engonçados. Bebê, velho, homens, rua, lixo, tempo de pandemia, vivendo, morrendo, aprendendo.

 A rua molhada, os olhos molhados nada proposital, nem era pra combinar com a rua. Era saudade mesmo. Outra vez, lembrou da mãe. O choro vinha contido, uma dor como de um machucão sarado, que se machucava novamente.  O dia muito down, as coisas tão brown. Se algum dia tivesse que lembrar daquele dia, tudo apareceria em tons marrons. O chão da estrada, o tronco da mangueira, o telhado, os saguis. As pessoas que passavam na rua, e que não conhecia. E mesmo os vizinhos, o caixa do mercadinho, o açougueiro, o burro, o cachorro, o pardal que pousou no beiral do telhado. Quer dizer-me alguma coisa passarinho? Por que me olhas assim? Tudo tão marrom, tão frio, tão inverno. Um dia ideal pra se viver. Um dia tão ideal pra morrer.

Ser as pessoas soubessem, tentariam, ao menos tentariam, fazer de outra maneira. A neta, disse ao avô, ficara sabendo, pela internet, que no final daquele mês, do céu desceria um cavaleiro, que iria matar metade do povo do mundo. Estava curiosa: será que o cavalo teria asas, vô? Seria de carne e osso, ou de ferro e lata? Precisava checar debaixo da cama, se estava limpo ali. Era pra lá que iria no dia que viesse, o cavaleiro. Providenciaria pra que alguns amigos estivessem em sua companhia, Amora sua cadela de pelúcia, um unicórnio azul chamado Celeste.

Fabio Campos, 16 de Maio de 2021.   

AIKA E EU PENSAMENTOS...POESIAS



AIKA E A AMIGA                        POESIA


AIKA DESENHOU ELA

E A AMIGA

A COLEGUINHA DA ESCOLA

PODE SER QUE SEJA

SOFIA

PODE SER QUE SEJA 

MARIA

PODE SER QUE SEJA

VALENTINA

PODE SER QUE SEJA

CATARINA

PODE SER QUE SEJA

UMA MENINA

QUE DEUS

NÃO INVENTOU AINDA.

FABIO CAMPOS, 12 de Maio de 2021.



AIKA    POESIA

DOU...
ESTE
DESENHO
AO MUNDO
COMO 
DOU
ÀS COSTAS
EM 
SILÊNCIO
CALADA
TENTANDO 
ENTENDER
TUDO ISSO...

FABIO CAMPOS, 12 DE MAIO DE 2021.


O SOL      POESIA

BRILHA

BRILHO

SEM TAMANHO

QUE EU NÃO

POSSO 

MEDIR

IMAGINA

O SOL

INDO, INDO

SE INDO

PRA AMANHÃ

VOLTAR

SORRINDO.

FABIO CAMPOS, 12 DE MAIO DE 2021.



Esta foto acabou "cortando" a data dos PENSAMENTOS: 26/01/1979.

MAKING OFF...








 É SÓ, POR HOJE, É SÓ...                            



 FIM

MÃE, DEIXA ISSO AÍ! Da Série PAN-PASC 2021


 

Era um tempo muito velho. Desses que o céu fica triste só de ouvir contar. As roças de milho e de algodão, vinham parar atrás dos terreiros da casa do sítio. Abóbora, melancia, umbu, uma mão de milho, um cozinhado de feijão de corda, uma cuia de feijão de arranca. Essas coisas chegavam nos balaios, nas arupembas, nos embornais. Trazido na cabeça, nos caçuás dos jumentos, nos lastros dos carros de boi. Trazidos por um povo, da cor da terra que a galinha ciscava em busca de um trisco de cereal, ou uma proteína da minhoca. Num tempo em que as horas, era compreendida no relincho do jegue. Mas percebida mesmo com precisão, era a do sol. Na sua imponente trajetória pelos caminhos, trançado de berduega, de rasga-beiço, de pega-pinto. O Ouricuri verdinho no cacho, ou arrotado pelo gado semeava os encostos das veredas.

Mãe, deixa isso aí, que eu lavo. Senta aí. A filha fazia questão que a mãe se sentasse, ainda agora, chegara da roça e queria já se debruçar numa pedra, pra lavar a louça do café da manhã. Intencionava iniciar o preparo do almoço. Xô galinha! E o diálogo de uma pessoa só, recheado de impropérios, se descerrava contra a invasão dos galináceos ao ambiente culinário. A casa era de taipa, os móveis resumia-se a uma mesa, meia dúzia de tamboretes, e umas cadeiras. As vasilhas, os utensílios domésticos se distribuíam pelos cantos do cômodo, dependurados nos caibros negros de fumo, da acanhada tapera. A luz frugal vinha do fogão à lenha, também da janela lateral.

Mãe, deixa isso aí, que eu ajunto! O rádio, ligado, a dizer o que bem entendia, sem de fato ser ouvido. Uma modinha sertaneja acompanhada do som de uma sanfona fluía pelo oitão. Umas dez cuias de feijão de arranca, estendida em cima dumas esteiras de palha. O sol, no firmamento azul, se demoraria ainda um pouco mais, antes de  declinar, pras bandas donde se põe. A hora de recolher a leguminosa, era depois do terço da misericórdia, que era rezado as três horas da tarde, em ponto. A mãe esquecida, e vexada nos afazeres queira tirar antes da hora. Casteado foi nos tanques buscar um caminho d’água. Seria bom se resolvesse tomar um banho, e tirar aquela inhaca de rabujo de jumento. Maria e José, de Zefinha, ao perceberem que passava do meio dia, largava as enxadas e estrovengas no pé de trapiá no aceiro da roça. E se punha a caminho da casa de mãe. Se lá nada encontrasse. Tomava cada um caneco d’água, e partiam pra casa de vó, que ficava umas dez braças de distância dali.

Mãe, deixa isso aí que eu faço! Urubu, ô que ave agourenta, meu Deus!  Não tinham nada que ficarem sobrevoando o terreiro. Na certa isso era pra ver, se conseguia um pinto desgarrado da mãe, uma galinha doente, com gogo. Na pior das hipóteses, um ovo pra beber. A goiabeira, chamada de pé de goiaba! Tava que tava garregada de frutos! Tudo “de vez”, que é quando nem tá maduro, nem verde. Se os netos chegassem ali, a bagaceira estava feita! Derrubavam tanta folha, mas tanta folha que chegava a ter pena do pé de goiaba. O mês era maio, tempo duma segunda safra. Mamoeiro era chamado um pé de mamão! Nasceu quase rente ao oitão da casa, foi onde Jacinta e Lúcia comeram um fruto e deixaram lá as sementes, e Deus fez o que tinha de ser feito.

Seu Tomaz na barbearia, conversava conversa de barbeiro, concentrado no seu ofício, mais ouvia do que falava. Tendo na cadeira de fígaro o seu cliente de cabelo e barba, Enéas, que por sinal, era primo legítimo da sua esposa Amância. E que trazia na cabeça, gravado e bem decorado, os Santos Evangelhos de nosso Senhor Jesus Cristo. Tinha tudinho, palavra por palavra, na ponta da língua. Saber ler, sabia, mas era muito pouco. O que deu pra aprender com sua prima Dineusa professora, aprendeu. A vida de casado, foi todinha lendo a bíblia, até que um dia ficou viúvo. E cria que Deus tivesse recebido e acomodado numa de usas moradias Terezinha sua fiel companheira. As sagradas escrituras era tema principal, entremeado de fuxicos, da vida alheia. Pra cada deslize cometido no mundo real, havia uma citação bíblica para sublinhar. Se ninguém tivesse matado ninguém, nem morrido de morte morrida. Se nenhum ladrão tivesse da polícia levado umas lapadas no meio da rua, e ter que gritar bem alto: Eu sou ladrão de galinha! Eu roubei galinha, e fui vender ao doutor juiz! Aí sim, se falava sobre São Mateus e os três evangelistas, com muita ênfase. Enquanto durasse, a barba a ser escanhoada, o corte do cabelo.

Mãe, deixa que eu faço! Olha a hora! Deixa que eu vou moer, o milho pra senhora! O milho, já os grãos inchados, túrgidos de água dentro da bacia. O cuscuz do jantar à caminho. Tá na hora do Santo Ofício, o rosário, a senhora lembra onde deixou? Claro que lembrava. Com certeza, estava, ou no cabide dos chapéus, ou na mesinha da penteadeira junto com os pentes e prizilhas, ao lado da camarinha, no quarto. Não estava em nenhum desses lugares. Havia esquecido, lá na casinha, nos fundos do terreiro, pendurou numa das palhas de coqueiro que compunha a rústica construção, para o banho, e necessidades fisiológicas. Esqueceu que o Ofício não precisava do rosário. E a oração começava. “Agora lábios meus dizei e anuncia/os grandes louvores da Virgem Mãe de Deus” O livrinho gasto, na mão, a reza na boca, o pensamento na moeda de milho.

Mãe, deixe isso assim mesmo! Pai, depois dá um jeito. Tentava dar um jeito na bica, que pendida precisava de reparos. No canto enferrujado, quando chovia, pingava bem em cima do batente da janela, e respingava no pote, no pratinho com os copos. Era a única coisa que conseguia fazer, dentro das suas limitações, do afastamento que a vida rude lhes impunha. Perdera a conta das vezes que chorou, engolindo o choro nos lençóis para não ser ouvida. E se ouviam, dizia que estava gripada. Os relatos da mãe, do tempo de menina, de cortar coração, seus pais eram índios. E não aguentando mais ouvir, saía para o terreiro, se afastava deixando-a sozinha, com as suas lembranças, que nem gosto amargo tinham mais, de tão velhas. Passar sede, não se alimentar por um dia, isso encaliçara seu corpo. Como que preparando para o que seria parte de sua natureza.

Mãe deixa isso aí! Sonhou um sonho assim. Conversava com ela. A senhora e eu estamos no céu, mãe. Não precisa se preocupar mais com nada! Nem com essas plantas, crescendo aí no meio do caminho, tem anjos pra ajeitar isso. Vamos nos abraçar, passear, andar pelos jardins. Enquanto eu seguro a sua mão, coisa que só fazia quando era pequena. Fui crescendo, e ficamos ranzinzas de amor. Acariciar meu rosto, como a senhora fazia, com sua mão cascuda, do duro trabalho na roça. E que passava bem de leve pra não arranhar o rosto de criança. Vamos, Vamos! Aproveitar, tudo que nunca tivemos tempo, nem coragem de fazer, lá embaixo.

Fabio Campos, 08 de Maio de 2021.

 

DESENHO [AIKA] , POESIA, VÍDEO AULAS



MÊS DE ABRIL E MAIO         POESIA

DIA  DAS MÃES
DIA DA MENTIRA
MÊS DAS MÃES
MÊS DE ABRIL
EU AMO MINHA MÃE!
EU GOSTO DE VÊ-LA FELIZ
EU GOSTO DE VER MINHA MÃE
EU GOSTO DO JEITO DELA
UM DIA VOU CONSEGUIR
DAR TUDO QUE ELA MAIS DESEJA
ACHO QUE NÃO PRECISA
ELA DIZ QUE JÁ TEM TUDO QUE MAIS DESEJA
NEM PRECISO PERGUNTAR, EU SEI
ELA TEM: EU!

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021. 
SOBRE DESENHO DE AIKA. DE 30 DE ABRIL DE 2021.






UMA TARDE, DE CHUVA            POESIA 

NO COMECINHO 

DO MÊS DE MAIO

MÊS DE CHUVA

MÊS DE MARIA

MARIA SANTÍSSIMA

SENHORA DE FÁTIMA

SENHORA NOSSA

SENHORA DA ASSUNÇÃO

ONDE NASCI!

SENHORA DA GLÓRIA

ONDE VIVI!

SENHORA DE GUADALUPE

ONDE ESTOU AGORA!

ME ABENÇOA SENHORA

 MÃE E RAINHA!

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021.
 

O SISTEMA     POESIA

TUDO FAZ PARTE

DE UM SISTEMA

DE UM ESQUEMA

DE UM FONEMA

DE UMA FITA DE CINEMA

DE UMA POESIA

DE UM POEMA

DE UM FLOEMA

DE UM SOLAR 

SISTEMA

A BEIRA MAR.

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021.


A LUA          POESIA

LUA SOBERANA
LUA MUNDANA
ESTA SEMANA
TÃO IMPONENTE
NO SEU GIGANTE
É TÃO PRESENTE 
NO MEU HUMOR
NO MEU AMOR
NO MEU TREMOR
LUA METADE
LUA COMPLETA
LUA-NÃO-LUA
DE TANTAS FASES
DE MUITAS FRASES
LUA DOS DOIDOS
QUE ESTÃO NA LUA
SE ASSIM 
TÃO NUA E CRUA!

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021.



ATMOSFERA       POESIA

EU NA ESFERA
UMA QUIMERA
NA TROPOSFERA
DA EXOSFERA
NA MESOSFERA
VIRO UMA FERA
AI QUEM ME DERA
QUE FOSSE, EU ERA
UMA PANTERA
NA PRIMAVERA
QUEM DEU QUE DERA
REINO MONERA
REI NO MONERA
NA ESTRATOSFERA
AI QUEM ME DERA.

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021.  




MISTURA           POESIA 

MISTURA NÃO SE
MISTURA
HETEROGÊNEA 
NÃO-ALMA-GÊMEA
UMA CANDURA
FORTE MISTURA
HOMO HOMOGÊNEA
SÓ E DE LUTO
ABSOLUTO
EU LUTO! EU LUTO!
POR UM SOLUTO
EU SOL
SOL QUENTE
EU SOL SOLVENTE
MISTO É MISTO
NÃO É MISTURA
NÃO PURO NEM PURA
É FORTE, É FRACA
É MOLE É DURA
FORTE
MISTURA.

FABIO CAMPOS, 05 DE MAIO DE 2021.


O Making off ? São esses vídeos das aulas tá? 

Sistema Solar: vídeo-aula no 9º ano
A Lua: vídeo-aula no 8º ano
A Atmosfera: vídeo-aula no 7º ano
Misturas Homogêneas e Heterogêneas: vídeo-aula no 6º ano.

Aulas administradas através do aplicativo watsapp para alunos da rede pública municipal de educação.

Por hoje é só...  


NA TARDE, DE CHUVA. Da Série PAND-PASC-2021


 O lago estava lá, sabia que eles viriam, tinha plena certeza disso. Nenhum deles vivia sem ele. Sondava a vida de cada um. Tornaram-se dependentes, um do outro. Magnífico cenário, pano de fundo, do vício, o lago o era. A mulher lavadeira, o pescador de pitú, os girinos, a cobra, o lagarto, não passavam de intrusos. O vaqueiro ia dar de beber água ao gado. Aproveitava pro banho, juntos, homem e cavalo. Os meninos, ao cair da tarde, viriam depois da escola. Jamais perdiam o encontro, da tardinha.

O homem, de paletó, conversava na calçada com uma mulher, uma amiga da sua mãe. Precisava seguir, mas a conversa esticada da mulher o impedia. Lembrou daquele dia que estava no banco, a moça bonita, pediu-lhe ajuda. A chave do carro onde deixara? Pronto, era sempre assim, toda vez que se inventava de ajudar alguém, um imprevisto ocorria. Um olhar malicioso, esticado para a blusa da moça, cuidadosamente guardando seus lindos seios. A moça, a pressa, os seios perfeitos. Não podia negar a ajuda. Estava atrasado, precisava ir. Onde será que deixara a chave do carro? O tempo todo ali no porta-luvas, não viu quando caiu. O trânsito intenso, tentaria evitar, indo por ruas transversais. A insistência do menino de rua, por uma moeda. Um mendigo sentado na esquina, encostado no poste silenciosamente, nada pedia. Se alguém quisesse dar-lhe algo que desse. A barba negra, o velho chapéu, as botas furadas, sujo, fedido. Um Jesus atirado às moscas.

A menina encontrou um caderno que julgava perdido. Dentro, havia uma mensagem para a mãe, do dia das mães do ano passado. Serviria para aquele ano, bastava apagar a data. Jamais faria isso. Os olhos enchiam de lágrimas, só de pensar, o quanto era feliz quando fez aquela mensagem. Não entendia porque tornaram-se tão distantes. Tão ocupadas que não podiam dar, uma a outra, a atenção que tanto necessitavam. Negligenciava os cuidados de higiene, por puro desleixo. Quem sabe, pra chamar a atenção. A mãe se irritava. Vá tomar banho! Lave esse cabelo! Escove estes dentes! Limpe esses ouvidos. Queria tanto apenas ouvir um: “Filha eu te amo”. Provocava, a resposta vinha em forma de cobranças.

O moço, trocara o traje de advogado, por camiseta e bermuda colorida. Parou o carro próximo a margem do lago. Desceram, numa alegre conversa. Ele, alguns amigos. Acendeu um cigarro, o fumo se esvaiu, na imensidão azul, na folhagem verdinha do pé de umbu, quase sem frutos. A caatinga no mês de maio exibia toda sua exuberância em tons de verde. O céu tinha uma lua, docemente flutuante, feito uma pena de pato branco. As galinhas d’água emitiam seus piados, enquanto passavam, num voo rasante sobre o espelho do lago. O gravador cassete, dava tudo que tinha de seu som, numa música de Raul Seixas que dizia: “Eu devia estar feliz porque consegui comprar um corcel 73”. Os amigos, tendo a montanha gigante como testemunha, firmaram um pacto de voltarem lá. Quando estivessem todos com sessenta anos. Dali, a quarenta anos. As garrafas de cerveja espirravam mais forte, a cada vez que eram abertas. O violão sujo de farofa. O toca-fitas precisaria de pilhas novas para que Tim Maia continuasse pedindo motivos e completando: “Melhor assim”.  O jovem rábula, ele porém, nunca mais retornaria ali. Jamais poderia cumprir a promessa. Debaixo d’água, de olhos abertos, sem vida, contemplava o céu rubro e azul, do cair da tarde.

O vento que soprou lá do sul, afastou os amigos. Para longe, bem longe. Teve deles que rodeou o mundo, Roma, Berlim, Amsterdã. Batia ponto na receita federal. Outro, com um tiro no ouvido, suicidou-se. Outros, que nunca tiraram os pés de dentro do lago, pescavam sua vivência, a sobrevivência. E o céu anunciou temporal, limpou-se em tons de azul tantas vezes que até as pedras envelheceram. O azul de então, não era mais um azul celeste, rabiscando de nuvens negras, não demoraria, desabariam. Saiu rodeando, rodeando. Pra despencar nos quintais, nos oitões dos casebres, enchendo de pingueiras o abrigo das galinhas, o curral do gado, o balaio de cipó, a baia dos porcos. As galinhas protegeriam os pintos, nos seus instintos de sobrevivência, enquanto houvesse a trovoada.

O homem, parou o carro na margem do lago. Estava sozinho. Chovia, os pingos no para-brisa, parecia um choro, de uma recordação que vinha. Dentro do automóvel, a música o levava pra um tempo lá atrás, que jamais voltaria. O tempo de agora, pandemia viral, e o que imperava era o medo, dos homens pelos homens. Esperou a chuva se ir. A montanha, continuava lá. Molhada, lhe olhando. O cantor, no som estéreo falava de amor, um amor não correspondido, e  outra vez pedia: "Me dê motivos". Por fim dizia: “Melhor assim”. De repente, o céu, começou a se descortinar, afastando, pra longe o aguaceiro, a tristeza, a solidão. Como se adivinhasse que o céu se abria, a música, agora falava das praias do Brasil “Angra dos Reis e Ipanema, Iracema Itamaracá/ Pois bem cheguei!”

Fabio Campos, 01 de Maio de 2021.