FESTAS IN [Z] ANO 17 DE JULHO DE 2025




Isachar não tirava os olhos da fileira de lanternas coloridas penduradas de um caibro a outro, na praça efusiva de luz e cor. O barulho de uma boca difusora de som, a algazarra esfuziante dos meninos girando no carrossel, correndo de um lado pra outro, portando bugigangas compradas dos vendilhões de guloseimas e pingentes que todos faziam questão de ter. O som melancólico e nostálgico do realejo do homem do algodão doce, o cheiro forte de bolinhos fritos no óleo de dendê, entrava pelas ventas, só aguçando olfatos e paladares. Homens e mulheres bem vestidos, sorridentes e perfumados, ternos e gravatas e vestidos de saias longas e rodadas. Os rapazes não perdiam a oportunidade de galantear as moças prendadas, que desfilam no paço com seus vestidos coloridos.

Seu Antonio fora preso por haver sido pego trapaceando no jogo do baralho. Armaram pra cima dele. Uma concubina chamada Zélia, à muito amasiada com ele, por vingança, o delataria a um novo companheiro conhecido na malandragem por Pedro Timbau, que vivia de jogatina e gigolô nos cabarés.

Na prisão Seu Antonio sentado na cama de cimento, fumava um cigarro cabisbaixo. A luz que havia vinha de um bico de luz no corredor da cadeia. Um rádio tocava um música triste tão longe dali que mais parecia ser imaginação, do que real. A música falava de um homem que amava, e sofria por não ser amado. Infelizmente não era sua realidade, sempre tivera uma mulher que o amava e que era dedicada a ele e aos filhos. Não parava de pensar nos filhos, na esposa e no que pensariam dele dali por diante. Estava decidido quando saísse dali, tomaria outro rumo na vida. Largaria a vida de andar, de cabaré em cabaré, nos finais de semana. Precisava levar a sério sua vida de casado, ter uma profissão digna, ganhar dinheiro com trabalho sério e honesto. Exerceria a profissão que aprendera do pai, mascate no meio da feira, quem sabe aprimorasse a profissão de açougueiro de seu primo Abelardo.

Parecia uma figura mitológica. Na verdade era um ser descomunal. Posicionado sobre uma pedra, recém saído de dentro das águas do rio. Um ser aquático, possuía guelras, escamas por todo o corpo, películas natatória entre os dedos, olhos e boca de peixe, o corpo todo de um humano, mormente alguns detalhes, era metade peixe, metade homem. Interessante o momento, geralmente seres como aqueles surgiam protegidos pelas trevas, aproveitavam as sombras noturnas, protegidos pela escuridão momentos em que adeptos de seitas, em rituais de invocação de entidades e espíritos que habitam o vale dos mortos. Aquele no entanto estava ali, meio dia em ponto. O sol a pino, tinha um propósito a cumprir, raptar uma daquelas crianças cujas mães deixavam-nas ali largadas, brincando e tomando banho enquanto suas mães lavavam roupas na ponte molhada, com as águas do rio. Naquela época do ano límpido e manso. Das profundezas do poço dos homens surgiu outra entidade um sereia, um formosa mulher de longos cabelos loiros, de corpo opulento, cheio de curvas, sensualidade e musculatura de guerreira. Já emergiu com um tridente na destra. Apontando para o descomunal homem anfíbio. Uma luta sangrenta, em instantes se iniciaria ali.









 

Nenhum comentário:

Postar um comentário