O Casamento de Raimundo e Rosinha
Eu agora vou contar
Uma história bem curtinha
Não é longe o lugar
Vamos chegar até lá
Fica no pé da Serrinha
É um romance profundo
A história de Raimundo
E seu amor por Rosinha.
Noivaram botaram os banhos
Com testemunho e Madrinha
Os dois nem tamanho tinha
Mais alimentavam o sonho
De ajuntar os gadanhos
Nos fôrro da Camarinha
Os ôsso se abrufelar
Mas só depois de Casar
Em Santa Cruz da Igrejinha
Clareou o firmamento
Tocou Sino e o Badalo
No dia do casamento
Veio gente de Jumento
Foram no cantar do galo
Só com um gole de café
Uns vieram andando a pé
Os noivos foram a Cavalo.
Quando o cortejo apontou
Lá na rua da Gandaia
O cavalo se assustou
Deu pôpa, pêido, rinchou
Os maloqueiros deu Vaia
A Noiva no chão caiu
Quem Tava olhando viu
Debaixo da sua Saia.
Na rua do formigueiro
Veio uns cachorro latindo
E um Baitôla caindo
Gritou: -Ai que noivo Lindo!
O pai da noiva ligeiro
Bateu de mão dum fueiro
A "Bicha" gritou: Socorro!
Me acudam se não eu Morro!
Aí não teve Macete
Os maloqueiros e os cachorros
E "o Fruitinha" por desaforo
Tudinho entrou no Cacete.
Ao passar no meio da feira
Veja o que aconteceu
Uma velha Cachimbeira
Veio doida na carreira
Pra cima do noivo deu
Puxando pelo pescoço
Queria roubar do moço
Um beijo que não era seu.
Na entrada da igreja
Foram tirar um Retrato
Dali foram pra o Altar
O padre já estava lá
Esperando para o Ato
Um bêbo da cara lisa
Abrindo sua camisa
Atrás do povo gritou:
Esse noivo é um Safado
O padre é um ladrão
O pai da noiva é um Corno
E é viado o Sacristão!
O pai de Rosa pegou
O bêbo com as duas mãos
Uma foi na sua gola
Outra foi no cóis da Calça
Do bêbo fez uma bola
E atirou no meio da praça
A mãe da noiva chorava
O pobre do noivo tremia
O padre disse enjoado
Vocês já estão casados
Crede cruz Ave Maria!
Com a Cerimônia encerrada
Voltaram lá pra Morada
Dos pais de Sinhá Rosinha
Só pra comer Feijoada
Sarapatel com Buchada
Comer carne de galinha
Tira-gosto de Mocó
Dançando ao som do Forró
Foram até de Manhãzinha!
Fabio Campos, 26 de Janeiro de 2016
NAS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ
Só gasta quem tem Dinheiro
Só fuma quem tem Isqueiro
Nem tudo Leve é Maneiro
Nem todo jegue é Pôupeiro
Só se levanta quem Cai
Só quem entrou é que Sai
No reino dos Animais
É fraco quem dá pra Trás
Nem toda volta é Retorno
Nem toda Ponta é de Corno
Nem todo Castigo é pouco
Pra quem possui esse Adorno
Só Aposta quem Jogou
Só chora quem não Mamou
Se é de barro Santo e Andor
Carregue com mais Amor!
Nem só quem ajoelha reza
Só quem é brabo se Enfeza
“Sangue bom” agente preza
Gente chato nós despreza
Nem só quem briga é Valente
Nem só quem tosse é Doente
Quanto mais amor se Sente
De amor se é Carente
Nas voltas que o Mundo dá
Perdidos vão se Encontrar
E o que não dá pra Juntar
Tem a vida pra Espalhar
Nem tudo que a gente Diz
Se Escreve nem com Giz
Viver um eterno Aprendiz
Era sempre o que se quis
Quem sabe viver Aprende
Quem não sabe se Arrepende
A Lição não Compreende
Vem a Vida e Surpreende
O mundo uma Locomotiva
Que lhe Anima e Motiva
Quem leva na Esportiva
A todo mundo Cativa
Quem trabalha ganha Nota
Quem mente conta Lorota
Se o cara é bom é o que Importa
É nele que a gente Vota
Nem sempre quem joga ganha
Nem todos que briga apanha
Às vezes o choro é Manha
E Quem Lava a Égua se banha!
Fabio Campos 18 de Janeiro de 2016
SE UM DIA EU ME ARRETÁ!
Eu não quero nem pensar
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Eu dou nó em pingo d’água
Danço forró com a Mágoa
Meto a mão numa Cumbuca
Como prego com Açúcar
Boto rabo no Preá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Dou soco no Olho da Rua
Na crise eu sento a Pua
Dou chute com o Pé de Vento
Apago a luz do Firmamento
Duma Cobra faço um Ganzá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Estico os fios do Bom-bril
Ajeito o mapa do Brasil
Traço os cabelos do Milho
Dum verso faço Estribilho
Boto cheiro num Gambá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Do leão tiro o Rugido
Bebo chumbo Derretido
Monto o cavalo do Cão
Trago o mar para o Sertão
Faço Macaco falar
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Da tristeza tiro Férias
Meto medo na Miséria
Bode vira Democrata
Porco casa com uma Gata
Sapo vira Militar
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Pego briga com a Preguiça
Meto medo na Polícia
Elefante joga Bola
Burro boto na Escola
No grilo vai Caçuás
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Viro o Mundo pro outro Lado
E quando estiver cansado
De tantas Estripulias
Deito na rede da Esperança
Durmo como uma Criança
Sonho com a Virgem Maria!
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Eu dou nó em pingo d’água
Danço forró com a Mágoa
Meto a mão numa Cumbuca
Como prego com Açúcar
Boto rabo no Preá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Dou soco no Olho da Rua
Na crise eu sento a Pua
Dou chute com o Pé de Vento
Apago a luz do Firmamento
Duma Cobra faço um Ganzá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Estico os fios do Bom-bril
Ajeito o mapa do Brasil
Traço os cabelos do Milho
Dum verso faço Estribilho
Boto cheiro num Gambá
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Do leão tiro o Rugido
Bebo chumbo Derretido
Monto o cavalo do Cão
Trago o mar para o Sertão
Faço Macaco falar
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Da tristeza tiro Férias
Meto medo na Miséria
Bode vira Democrata
Porco casa com uma Gata
Sapo vira Militar
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Pego briga com a Preguiça
Meto medo na Polícia
Elefante joga Bola
Burro boto na Escola
No grilo vai Caçuás
SE UM DIA EU ME ARRETÁ
Viro o Mundo pro outro Lado
E quando estiver cansado
De tantas Estripulias
Deito na rede da Esperança
Durmo como uma Criança
Sonho com a Virgem Maria!
Fabio Campos 18 de Janeiro de 2016
QUEM EU SOU?
Bate no Seu Pensador
E se pergunta Exigente:
-O que pensam os outros da gente?
Já não sei mais Quem Eu Sou?
Na Loja sou um Cliente
No Médico sou Paciente
Na feira sou Comprador
Pra Rádio sou um Ouvinte
Do imposto Contribuinte
Não pago Sonegador
Se mando sou um Patrão
Se obedeceu Peão
Se Bacharel Sou Doutor
No Fórum posso ser Juiz
Quem sabe um Promotor
O auxiliar de Bedel
Se bajulo sou Xeleléu
No Cabaré Meretriz
Pelas portas de um Bordel
Vadiou fez o que quis
Um salafrário Aprendiz
Sento no Banco dos Réus
Do Nordeste Nordestino
Se alugo viro inquilino
Pro governo sou Eleitor
Sou freguês no Restaurante
Na Escola viro Estudante
No Estádio sou Torcedor
Na vida viro um Artista
No Circo um Equilibrista
Se faço rir Fanfarrão
Mágico lá no Picadeiro
Atrepado no poleiro
Pareço um Camaleão
Banguelo se cai os Dentes
Bêbo se tomo Aguardente
Bebê até Mané chegar
O tira gosto é de Pato
Quem sabe espeto de Gato
Dum rato faço um Preá
Chorão sou igual menino
Valente rico e Mofino
Cheiroso que nem Gambá
Sem roupa um homem Nu
Feio um Sapo Cururu
Boiando na Água Fria
Bate os queixo que Agonia
Requevém Desmantelado
Parece um Pilão queimado
Um Prato de Porcaria
No Correio sou remetente
Se atraso inadimplente
Se gasto Consumidor
Na rua viro Pedestre
No campo viro Campestre
Também um Agricultor
Flanelinha e Manobrista
No Posto tem o Frentista
Na Moto o motoqueiro
Gasolina é a dinheiro
Sofredor é Masoquista
Se faz bico é Biscate
Na feira tem o Mascate
Viola da Boemia
Na roda de Cantoria
Um Porteiro de Boate
Jogador de Capoeira
Dando de rabo de a Raia
Tamborete de Gandaia
Seu Batedor de Carteira
Maloqueiro Sem-Vergonha
Frangote de Urubu
Nem na regada do cu
Tem o que Mosquito roa
Doença da Macacoa
Seu Fumador de Maconha
Andando sou Caminheiro
No ônibus sou Passageiro
Motorista um Condutor
Viajando viro Turista
No verso sou repentista
Prá Tevê Espectador
Na hora da Agonia
Só Deus que nos acuda
Quebra um galho de Arruda
Credo cruz Virgem Maria
Tá na hora de Embora
Com Jesus, Nossa Senhora
Sigo a Estrela Guia
Cliente pra Advogado
Vítima se Acidentado
Chamo Médico de doutor
Se morro viro Defunto
No IML um Presunto
No Cemitério “Pés junto”
Dessa pra Uma Melhor Passou!
Fabio Campos 11 de Janeiro de 2016
Poesia do Livro Inédito [não publicado]
"POESIA NÃO ENCHE BARRIGA...ENCHE O CORAÇÃO! 2004"
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