LÔU KÖ MOON DÔ PÓ É TIKUS 30/06/2025



LOUKO

FICAR ASSIM
ESTAR ASSIM
POÉTICO
TALVEZ SÓ PÓ
NADA ÉTICO
SINTÉTICO
DIA
B
ÉTICO
PRA
ÁTICA
ÁFRICA/ÁRTICA
HEMO
VERBO
RRÁGIKA

FIKA  RA
ASSIM TRISTEMENTE
EU
PHÓRICO

SANTANA FABIO DO IPANEMA DI CAMPOS.




VAMOS?...

A MALA
QUE- RO-TE- AMÁ-LA

VAMOS SAIR
VAMOS FUGIR
PRA UM BOM LUGAR

DE MUITA PAZ

CORTEZ COR
TRAZ

DE TONGOS 
BOM RANGO
SAM MANGOS
SEM  ÂMAGOS
CEM
MANGOS
BONGOS BANGOS
ORAN
GO
TANGOS

30 DO SEIS DE 2 MIL E 25.












ERAM MUITAS VEZES... 
Uma história pra uma criança [de 6 anos]  dormir

De noite na cama
Dominic precisava dormir
"vô conte uma história!"
ok!
 Era UMA VEZ
Eram DUAS VEZES
ERAM TRÊS VEZES...
Um só menino que tinha DOIS irmãos
Preciso de uma floresta
Pra colocar uma casinha
bem no PÉ-DA-SERRA
Pra ele morar
a casinha era uma choupana 
e tinha chaminé.
Esse menino chamava-se Carlos
Seus outros irmãos
Paulo, Pedro e Antonio
Porque tinha todos nomes de santos?
não sei.! Talvez seu pai fosse católico
Esse menino todos os dias ia pra escola.
[porque todo mundo precisa ter obrigações]
No caminho pra escola tinha um parquinho
O que poderia acontecer num parquinho?
Os meninos se distraíram na volta da escola no Parquinho!
Isso mesmo porque até quem inventa história
precisa [às vezes] de distração.
E aí anoiteceu. Alguém por favor coloca uns postes de luz 
Nessa história. 
Pois anoiteceu.
Não é noite de lua.
E a noite, tem coruja, elas são assustadoras!
Tem sapo coaxando, ou co-se-achando?
Bom não sei!
Só sei que anoiteceu, e os meninos
se perderam no caminho de volta pra casa.
Encontraram um velho estábulo.
Ali passaram a noite. Sem saber que ali morava uma bruxa má!
Uma velha feiticeira.
Pela manhã os meninos viram 
que bem próximo passava um rio.
Foram até lá com intenção 
de tomar um pouco d'água
quem sabe conseguir 
alguns frutos para comer.
Ao se abaixar pra beber água...
 "Carlos!"
Ouviu alguém lhe chamando. 
Era um peixinho que disse:
Carlos, você e seus irmãos, precisam sair imediatamente daqui
A bruxa má pode aparecer a qualquer momento 
e enfeitiçar vocês! 
Assim como fez comigo!
Os meninos ficaram muito assustados! 
E Saíram correndo pela floresta.
Num imenso pé de goiabeira 
encontraram uma gralha
que disse: vocês precisam voltar lá 
e salvar o peixinho dourado, 
que se trata do 
Príncipe encantado. 
E conseguirem quebrar o encanto da bruxa má
Para o peixe volta a ser príncipe... 
Uuuuuuuhhhaaaaaa
[isso foi um bocejo]
Os meninos   estavam com muito sono. 
Dominic estava com sono
O contador de história
Estaaaava cooom muuuito sooooono...
E todos acabaram dormindo...
 Sem conseguir concluir a aventura
E todos ficaram FELIZES [Dormindo] PARA SEMPRE. 
A história foi encurtada porque adormeceu: contador e interlocutor Boa noite. z  z  z  z z z z z z z zzzzzzzzzzzzzzz

Santana - da- de- di - do - du - Ipanema – AL - EL - IL - OL - UL 26/27/28/29/30 DE JUNHO/ DE 2025.








Tem dia

Tem dia que a gente
Tem 
Dia de Rua 
De olhar pra Lua
E o Sol vindo aquecer o Coração
da Solidão
O Caminhar precisa de um pé 
O sapato, aperta o Passo 
...e Outro
A janela de olhar Maio 
O brilho soberbo
Donde se vê A gosto 
Dois olhos dentro do sorriso
de Outono
A menina debaixo
da brisa que canta
E joga ao ar
A Carta
que vira Pássaro
Suave Deboche
E Desmancha-se Lilás
De Cordas que 
Desenham Peixes
Folhas e Lingua Molhada
Lábios que Amornam
Amora
Panela de Barro
Santo pendurado na Parede
Um penteado
Um alfinete,
entre os lábios 
um ponto Azul de Mar
O Imenso horizonte triste
O Negro, a ladeira 
refrescante preguiça 
de pensar 
de Serenar
e Almoçar um Sonho
que faz descer, e subir 
até o Céu nas abas 
do Chapéu
E querer, poder exaltar 
o perfume, 
de Amar
o barco de acordar
Ancora doida de ferro
Ardido doído 
e doido
Os passos, o carroceiro
O menino, a água
A alegria
A incerteza, o desprezo
a vontade de Sal
 Coragem de batuque
uma Moleza no dizer
Isso pode, aquilo não...
 Pode
 Existir
É fato, é Fatal
Mas que real
Não tenha a menor dúvida.

FAbio CAmpos Sant ANA DU IPA Nem A. ALagoas. 10+10+10 = 30 de JUNHO de  20 + VINTE E CINCO.



MAKE OFF



LÁ SE VÃO FÉRIAS

LÁ SE VÃO FESTEJOS JUNINOS

LÁ SE VAI MÊS DE JUNHO

QUE VENHA JULHO
COM

ALEGRIA

COM SIMPATIA

COM FÉ

COM  ENERGIA

COM MUITA PAZ 

E PROSPERIDADE













THE END

Egg and Good Grapes Corpus Christi 19/20 de JUNE de DOIS MIL E 25


DIA SANTO

HOJE É DIA DE JESUS CRISTO
TODOS OS DIA o É...
JÁ SE PASSARAM MUITOS ANOS

[não do nascimento dele... do meu nascimento pra poesia]

E OUTRA VEZ, DIA SANTO.

TODO DIA É SANTO
TODO SANTO DIA
ASSIM DIZ EDSON GOMES.

A CARA DO MUNDO FICA TRISTE
POR QUE SERÁ?
POR QUE OS HOMENS NÃO APRENDEM NUNCA?
PORQUE...eles não aprendem
TEM GENTE MORRENDO DE MORTE
TRISTE, MORTE, DE TIRO
DE FOME...
MALDITA FOME
MORRENDO DE TÉDIO
PULANDO DE CIMA DO PRÉDIO.
GENTE, MORRENDO
GENTE, VIVENDO, TRISTE
TRISTEMENTE VIVENDO
TRISTEMENTE MORRENDO.

QUANDO EU ERA PEQUENO
DE ALMA, LEVE E ALVA
[era minha alma]
MINHA POESIA FICAVA TRISTE
 NESSAS OCASIÕES
PORÉM, SE ALEGRAVA
JÁ NO FINAL
DOS VERSOS
UM BRILHO DE ESPERANÇA
NASCIA
ONDE FOSTES PARAR ESPERANÇA?

...ESSA CHUVA, ACASO QUER DIZER-ME
ALGUMA COISA?
sANTANA DO iPANEMA-AL 19/06/2025

UMA MÃO TOMA

Uma mão toma-te
mamão, tomate
toma a ti um mamão
um à mão
também outro,
toma!
Te mama
uma mão
toma!
tomam-te os tomates
Tomaram...
Toma uns mamões
Uma, duas mãos
um dois tomados
da mão
Tomates  tens à mão.
Mamão Papaia
[aí é outra coisa...]
santana, de junho, do ipanema, 20/06/2025







PALMA

PALMA PARA DEUS...
PALMA DE DEUS
PALMAS
CRISTO SE NOS DEU...
 TUDO É DELE
TUDO VEIO DELE...

TUDO É ELE!

LEMBREI-ME

QUE UM DIA, FIZ
UMA 
POESIA-ORAÇÃO...

UMA PALMA DE BANANAS
PARECE UMA ORAÇÃO
CADA BENDITO
É UM FRUTO.

FABIO CAMPOS, 19/JUNHO/ 2025.






BULA DE BOLO

ME AJUDA A FAZER UM BOLO?
NÃO TEM COMO SE NEGAR
A UM PEDIDO DESSES...
AINDA QUE SEJA PENSANDO 
NA RECOMPENSA
QUE COMPENSA
RASPAR A PANELA
RASPANDO OS PENSAMENTOS
CADA COLHERADA UM SUSPIRO...

"AFASTAI-VOS DO FERMENTO DOS FARISEUS"
FARISEU LEMBRA FERMENTO, 
LEMBRA FARINHA
DE ARARIPINA
FARINHA CASSUCENTA!
FARINHA
DO MESMO SACO...

UMA XÍCARA DE FARINHA,
 DUAS DE AÇÚCAR
UMA COLHER DE AMOR
UMA PITADA DE DOR

"VOIS SOIS O SAL DA TERRA"
"LUZ PARA ALUMIAR O MUNDO"

DAI ÁGUA A QUEM TEM SEDE.... 
DAI PÃO A QUEM TEM FOME...
SAI BOLO A QUEM PRECISA
DE UM PEDAÇO
DE BOLO..

VAMOS FAZER UM BOLO?
DEPENDE...

SANTANA  FERIADO DE CORPUS CHRISTI 20/06/2025.











AVE OVOS


OVOS SÃO GOTAS DE VIDA
CÉLULAS DORMINDO
UM OLHO
UM FETO, UM AFETO
PURA ENERGIA
PURA VIDA
ESTRELADO É BOM
ESTRALADO É BOM
COZIDO É BOM
FRITO É BOM
CRU É BOM
EM NEVE É BOM
FECHADO É BOM
QUEBRADO É BOM
DESCASCADO É BOM
ENCASACADO É BOM
BRANQUINHO É BOM
COR DE GENTE É BOM
OVO DE GALINHA
OVO DE PERU
OVO DE GUINÉ
OVO DE CODORNA
TUDO É BOM.


VOVÓ VIU O OVO
TÃO SIMPLES APRENDER
ASSIM, UM OVO, BEM PORTUGUÊS!

GRANDPA  NEVER SAW THE EGG!

DO INGLÊS: VOVÔ  NUNCA VÊ O OVO!

EM DÓLARES U$$$$$$
BEM MAIS DIFÍCIL 
APRENDER ,
ADQUIRIR...




GOOD GRAPES


O FRUTO DA VIDEIRA

NO CÁLICE SAGRADO
TORNA-SE SANGUE 
DE CRISTO
NO ALTAR
O SACRIFÍCIO PERFEITO
QUE NOS SALVA
E DÁ CORAGEM...

DEUS TEM MISERICÓRDIA!

PERDOA-NOS!








                                                                       JACA BRASIL!

                                            A MANGA ROSA
                                                      O CAJU VERMELHO
                                                                 A UVA ROXA
                                                        O MAMÃO AMARELO
                                                                O LIMÃO É VERDE
                                                         O COCO É BRANCO
                                                                         QUE FRUTA É AZUL?

                                            PRECISO DE UMA FRUTA 
                                                                         PRA FAZER UM PAÍS.
                                                                     
SANTA
              ANA
                                   DO 
                                                                     IPANEMA. 19/06/25.         
              



 


                                                    PARABÉNS!      PRO 
                                                                          CHOCOLATE 
                    E PRO                        MORANGO!


MAKE OFF

"Dona Francisca põe um xícara de castanha pra mim. Mas tem que ser uma XICA BOA!"

"Olha o OVO e a UVA BOA!"



THE END  ...   quase END                                               

Meu neto Dominic de férias, na casa dos avós!






POR HOJE,     É SÓ...




IN [S] [a] NOZ ANTONI UM 17/06/2025


 

Tem história que aparenta não ter pé nem cabeça. História que vai parecer não ter um sentido, não ter uma cronologia, uma lógica. Como um filme visto de trás para frente.  História de uma família, que morava numa casa de esquina. E que havia um mau presságio que dizia: "morar em casa, de esquina, não era muito bom." Ninguém dizia o que significava esse, "não muito bom". Poderia ser coisa desse, ou do outro mundo. Uma coisa era certa, não foi só uma, nem duas vezes, que Seu Antônio, de manhãzinha antes do nascer do sol, ao levantar-se, pra ir buscar o leite no curral, encontrou bem debaixo do poste da esquina um despacho. Um trabalho feito, algo do tipo feitiçaria, vudu, mandinga. Aquilo era coisa pra derrubar alguém. Para levar alguém a ruína. Esse alguém bem que podia ser um dos moradores da redondeza, ou simplesmente nada teria com ninguém dali. Isso não se sabia.  

Era noite chuvosa. A chuva açoitava o telhado, lavava insistentemente os vidros da janela. Dava para ouvir a água descendo pela calha, um choro lento e paciente. Do jeito que o tempo estava, bom mesmo era estar debaixo das cobertas, numa cama bem aquecida. Uma xícara de café pousada na mesinha de canto. Seu Antônio, fumava um cigarro, a fina fumaça subindo e incensando os pensamentos que iam além, da vidraça, além da noite molhada, muito além daquela fria e escura noite. Dona Dulce, na cozinha, grunhindo uma cantiga de igreja acompanhada pelo tilintar de panelas e pratos. A chuva àquela hora da noite entristecia os cantos da casa, amofinava. O gato procurava lugares mais aquecido para dormir. Gioconda, Tábata e Isachar se estivessem naquela casa com certeza já estariam recolhidos em seus quartos, acalentando sonhos aguardando o sono para dormir. Nunca jamais, onde estivessem esqueceriam daquela noite. Da rua ouviram um barulho, de carro, freada brusca, estampido de tiros. Seguido de pessoas gritando, gritos de homem e de mulher. Barulho de gente correndo. Seu Antônio jamais esqueceria, ao ouvir aquilo, foi até a janela, abriu o pórtico e teve a visão da rua. Lembrava-se exatamente tudo que viu. Aquela cena ficara para sempre pregada, bem guardada num lugar sombrio da sua mente. Bastava o dia ficar triste, como estava agora, e as mesmas lembranças voltavam. Se um dia tivesse que relatar numa delegacia, ou num banco de testemunhas de um tribunal, saberia dizer com riqueza de detalhes o que viu naquela noite. Um carro preto se afastando, deixando pra trás o corpo de um homem, inerte, no meio da rua. 

Isachar parecia não acreditar no que seus olhos via. Teve vontade de se beliscar pra ter certeza que não era só mais um sonho. Via seu pai Antônio sendo levado pela polícia. Era humilhante, era degradante. 

O vento, a chuva batendo com seus pingos frios no seu rosto. Lá fora, estendido no calçamento, o corpo inerte de homem morto. Curiosos aproximaram, debaixo da chuva, protegido por guarda-chuvas, portando lanternas clareavam o corpo. O óculos quebrado, o chapéu encharcado caído pra um lado. Alguém providenciou um pano para cobrir o cadáver. Ao longe dava-se a ouvir a sirene da viatura da polícia.

Ísis e Osíris estavam na sala de reuniões do castelo. Uma sentada na cadeira do trono, enquanto a outra recostava-se no apoio. Discutiam de que forma armariam a defesa do próximo ataque dos rebeldes que se organizavam para mais um ataque. De repente, pela janela da sacada entrou voando uma enorme águia. Ela possuía olhos de fogo e sua língua enorme saía do bico encurvado na ponta lançando faíscas como setas de fogo, suas garras potentes destruíam tudo que tocava e avançou para as duas moças filhas do rei Naim.  As mulheres guerreiras já estavam preparadas para o ataque e haviam desembainhado suas espadas. De um salto, Osíris alcançou o dorso da ave gigante. Montando-a desfechou-lhes golpes de sua espada no pescoço e enterrou toda a lâmina entre as asas da ave de rapina gigante. Ísis não tivera a mesma sorte, a ave concentrou todo seu ataque nela, e tinha-na presa em suas garras. A guerreira desferira vários golpes nas garras da águia, arrancando-lhes unhas e dedos. Enquanto isso, o palácio era atacado pelas tropas rebeldes. Muitos já haviam conseguido escalar as muralhas. Havia fogo e destruição para todos os lados. O reinado de Naim parecia estar sucumbindo. Da bravura e coragem de suas filhas, isso talvez fosse o que definiria como acabaria aquela guerra. 

Isachar não acreditava no que seus olhos viam. Teve vontade de se beliscar para ver se não era apenas um sonho. Um daqueles pesadelos que nos atormentam durante a noite. Tivera muitos daqueles. Via com seus próprios olhos seu pai Antônio sendo levado preso. Dois policiais o conduziam até a viatura que estava estacionada no largo em frente ao mercado da carne. Era um dia de quarta-feira, dia de feira livre, mascates, vendilhões, mercadores, carroceiros, quituteiras, mangaieiros, ambulantes, camponeses enchiam a via pública. A torre da igreja parecia uma moça rodeada de crianças no paço escolar. O sino de bronze, calado, só tocaria dali dez minutos, às dez horas da manhã, daria dez badaladas. As pessoas, os transeuntes, curiosos, todos olhavam boquiabertos a cena. Seu Antônio algemado, sendo conduzido a viatura da polícia. Muitos pensamentos ruins passavam pela cabeça de Isachar. Que crime afinal cometera? Teria seu pai matado alguém?  

     

CONFU [Z] O CAPÍTULO 05 17/05/2025




A noite as coisas mudavam de figura. Nem tudo que parecia ser, era realmente o que se via. Uma árvore nunca, jamais seria simplesmente uma árvore. Podia ser somente um obstáculo ao nosso sentido da visão. Uma árvore por trás do muro aparentava ser realmente uma árvore. O estranho nela era como movia seus galhos, semelhando um polichinelo dançante. Um desengonçado Orfeu sem Colombina. Abanando seus braços desfolhados, como imensos tentáculos. Fantasma de gente que não mais possuia músculos, nem carne, nem sangue correndo nas veias. Alguém que de tão velho ressecou balançando ao vento, alguém que morrera de pé. Uma múmia sem graça, se desintegrando sobre seu próprio cadáver. Os cabelos desidratados, sem pele, sem olhos, sem retina. Sem alma, sem medo. A lua, desde que acontecera a tragédia, a única a fitá-la. Tudo que quisesse talvez fosse, enxergar seus mais recônditos pensamentos, seus sonhos mais adormecidos, no espírito. 

Aquele natural satélite, pregado lá no alto ainda que tão longe se encontrasse, conseguia penetrar-lhe as entranhas. E dela extrair os mais hediondos pensamentos. Pior, seus malévolos atos, pensados e repensados. Algo que jamais poderia revelar. Nem a ela próprio. Seu Antônio tinha uma certa caída pela aquela moiçola que ajudava dona Dulce nos afazeres domésticos. A menina era realmente prendada. O corpo moreno, o cabelo negro, os olhos amendoados de mestiça. As pernas bem torneadas, tinha tudo pra deixar o homem de cinquenta caído aos seus pés. Ela resistiu o quanto pode as investidas do marido da patroa. Mas, se por um lado a carne é fraca, tentador também é a oferta de um dinheiro extra, pra quem vive na penúria. De tanta insistência ela foi aceitando, de início apenas mostrar os peitos pra Seu Antônio. Uma vez aceita, ficaria ainda mais difícil negar a outros pedidos. Apenas tocar neles. E quando caíram em si, já estavam mantendo relações sexuais intensas no próprio leito conjugal do patrão e da patroa, Isabel deu vasão aos instintos sexuais de Seu Antônio. Aquilo caminhava pra um desenrolar trágico, pois a menina, não contente com as gratificações de Seu Antônio, achou de chantagear o homem. Ele marcaria um encontro na beira do rio. Naquela noite enluarada os amantes se encontrariam. A lua por testemunha, viu um brilho sinistro nos olhos daquele homem. A beira do manancial d'água se entregariam a mais uma noite de prazer. Isabel parecia uma bela sereia, despida com os pés molhados tocados pelas águas do rio. O homem despiu-se e a possuiu. Em seguida sacou de suas roupas uma faca e a golpeou, várias vezes. O sangue da moça lavava-lhe o corpo e ia juntar-se as águas do rio.

 Os cabelos molhados pareciam mais revoltos. A pele molhada pela chuva fina, acentuava a morenez e eriçava os poros naquela manhã fria de agosto. O dia apenas era entendido pela tênue claridade da aurora. Tudo em volta era muito belo. Montanhas ao longe verdejavam. O capim orvalhado molhava a barra da calça lustrava os sapatos. Aqui acolá uma casa de taipa colocava cor de barro no cenário verde pronunciado. O balir de ovelhas muito ao longe parecia um sonho, distante. O tinido de um chocalho bem mais real. A estrada a frente pareceu o rumo a seguir. Não dava pra ouvir, porém a intensidade de sons de gente e movimento denotava um povoado próximo.

Batista era assim, gostava de roupas coloridas, anéis nos dedos, cordão de prata no pescoço, um boné na cabeça, óculos rayban a tapar-lhe os olhos amendoados dar cor de mel. Trazia os traços da origem indígena nas feições. Batista era artista circense, se apresentava na feira livre, fazendo malabarismo, truques de mágica. Aproveitava pra vender pomada. Um unguento para todo tipo de problema de saúde, como ele mesmo propagava.

A sua chegada a urbe já era esperada, por um colega de trabalho, seu assistente de apresentações o menino Janio, que tinha outro irmão chamado de Siloé. Os nomes propositadamente providenciado pelo pai que era admirador dos políticos mais renomados da época.

A feira livre merece uma descrição a parte, uma profusão de cores, cheiros e sabores. A multidão dividida em duas categorias, os que queriam vender, e os que queriam comprar. Fosse o que fosse, alguém tinha algo que alguém precisava, só esperavam que o destino os ajudassem nessa tarefa.

O vendedor de panelas de barro, o vendedor de cangalhas e colchões de capim, o vendedor de fubá enchendo a rua com seu aroma se misturando ao cheiro de pastel e caldo de cana. As tapioqueiras, as toldas de comida, logo cedo, o vapor das panelas ia de olfato em olfato abrindo o apetite para um bom prato de cuscuz com carne de galinha e uma xícara de café fumegante.A feira é um espetáculo de vida. Os meninos carroceiros, ganhando um trocado pra levar as feiras das donas de casa que iam de banca em banca comprando os víveres nessários para aquela semana que terminava, afinal era um sábado na feira de Santana.

Batista encontrou Janio na porta da igreja matriz, estava vendendo revistas e jornais velhos. Arrecadado dos escritórios do promotor de justiça dr. Tenório. Também do juiz civil dr Yoyô. Os bacharéis doavam os periódicos para os meninos venderem na feira e conseguirem algum trocado. As sobras de comida virava lavagem que servia de alimento aos porcos. O óleo de cozinha usado servia para o fabrico de sabão na casa de dona Carminha. Tereza matava um porco toda sexta-feira pra vender a carne na porta de casa. A carne rosada do suíno ficava exposta em cima duma banca. Não dava meio dia e já não tinha mais.

O bar da sinuca de Seu Soares ficava na esquina da entrada da rua da cadeia. Os homens usavam chapéus de napa e um paletó que davam-lhes um ar de gangster dos filmes americanos. 

Os pássaros como que coadjuvantes da belíssima cena compactuavam do risonho amanhecer. Desfiavam com seus cantos terna poesia lírica. 

Tem história que parece não ter pé nem cabeça. História que parece começar do final pro começo. Um final triste, um começo melancólico. Uma família, uma casa de esquina. Diziam que morar numa casa, como aquela, de esquina não era legal. Simplesmente por localizar-se numa encruzilhada.