
A vila, tão antiga quanto atual.
Os prédios jamais envelheceram. As águias no alto dos pedestais, de belas asas
estendidas. De ferozes garras crispadas sobre a flecha e a serpente petrificada.
Olhavam com semblante fechado, ameaçador. As janelas, do prédio da justiça,
nunca se cansavam de vigiar a rua principal. Poucos tinham ideia do que
significava ser velho e atual, ao mesmo tempo. Os vultos históricos nos porões
em molduras escuras e tristes adormecidos num torpor crudelíssimo, desumano.
Envolveram-se em sombras, silenciados seus fortes brados de revolucionários,
tempos depois chamados de heróis. Encerrados nos negros e sombrios canos dos
imensos canhões. Em suas munições obesamente mortas, de agora. Enferrujados os
vômitos de fogo e ódio, ressequidos, esquecidos. As bandeiras não mais
flamularam seus azuis, seus brancos, seus vermelhos, de outrora. Alagoas
distando de França e de Kansas apenas um lance de olhar. Traçar no mapa, um
paralelo desde a Vila de Étole Chavalier, passando por Wichita no Kansas, indo
a coordenada 09° 22’ 42” 43” W de latitude, e 37° 14’ 43” W de longitude, e
teremos uma placa tectônica imaginária, cobrindo a Europa Meridional, e
Américas Meridional e Setentrional. Pra ser mais exato, um maciço continental
compreendido desde a vila da Ribeira do Panema no estado de Alagoas – Brasil, a
uma cidade na América, indo a Vila de E. C. em França. Mas o que de comum havia
entre estes três pontos geográficos? A meros mortais talvez nada dissesse. Aos
meninos das bicicletas sim. Dizia, da origem de cada um deles. Marcos, Lucas e
João.
Wichita foi uma das primeiras
cidades em que Tagor vivera. Ainda era aldeia indígena quando isso acontecera. A
vila surgiu a partir de três tribos indígenas: Keechi, Waco e Tawakoni os
precedentes de Tagor eram desta última nação. Isso foi lá pelos idos de 1870.
Na época o vilarejo contava com pouco mais de 600 aldeões, que vivam do
comércio de pele de animais selvagens, e da criação de cavalos e gado de raça.
Era entreposto, ponto de parada das carruagens, vindas do leste em direção ao
velho oeste. A bandeira da cidade além das cores azul, branco e vermelho, traz
até hoje, uma cabana de palha tradicional, e a silhueta de um búfalo e um
veado. A família Braga ali se estabeleceu e cresceu a partir da domesticação e
criação de cavalos selvagens.
O avô de Tagor da América, chamava-se “Cavalo Doido”. O missionário morávio Paul Truman que estudava a língua nativa delaware, num diário deixou escrito um episódio lendário ocorrido entre o avô de Tagor, e um janota californiano que viajava pro leste. “Cavalo Doido” entrou na taberna e o maldito western Willian Colt zombou de sua cara. Depois que o índio pediu, tabaco e chá ao taberneiro o californiano teria perguntado se o índio não queria apito também. Todos riram. E o índio desafiou o cawboy para um duelo. Desafio aceito. o punhal foi a arma escolhida. A rua ficou repleta de colonos para ver o embate. Os frequentadores do saloon aproveitaram para uma rodada de apostas. Com uma corda, os dois homens amarram-se ligados pela cintura. Segurando o punhal com uma mão e a corda com a outra, começaram o embate. O punhal do homem branco alcançou o índio abrindo um talho na altura do peito. “Cavalo Doido” fez valer o apelido que tinha, com a corda enlaçou um dos pés do senhor Willian, derrubando. Dominou-o jogou o punhal longe, poupando sua vida. Passou a esmurrá-lo, até pô-lo a nocaute.
O avô de Tagor da América, chamava-se “Cavalo Doido”. O missionário morávio Paul Truman que estudava a língua nativa delaware, num diário deixou escrito um episódio lendário ocorrido entre o avô de Tagor, e um janota californiano que viajava pro leste. “Cavalo Doido” entrou na taberna e o maldito western Willian Colt zombou de sua cara. Depois que o índio pediu, tabaco e chá ao taberneiro o californiano teria perguntado se o índio não queria apito também. Todos riram. E o índio desafiou o cawboy para um duelo. Desafio aceito. o punhal foi a arma escolhida. A rua ficou repleta de colonos para ver o embate. Os frequentadores do saloon aproveitaram para uma rodada de apostas. Com uma corda, os dois homens amarram-se ligados pela cintura. Segurando o punhal com uma mão e a corda com a outra, começaram o embate. O punhal do homem branco alcançou o índio abrindo um talho na altura do peito. “Cavalo Doido” fez valer o apelido que tinha, com a corda enlaçou um dos pés do senhor Willian, derrubando. Dominou-o jogou o punhal longe, poupando sua vida. Passou a esmurrá-lo, até pô-lo a nocaute.
O cabelo de metal talvez muito tivesse
do sangue dos moicanos. A princípio, de um homem, um ser humano normal. Embora
o rosto parecesse de borracha sintética, quando falava a boca não se movia pra
sair os sons da voz. Os fonemas no entanto saiam perfeitos, fluentes, e eram
entendidos em qualquer língua nativa. Usava óculos de lentes e hastes escuras,
muito na moda nos anos quarenta. De terno e gravata. Tagor, sustentava que
talvez aquele não possuísse um coração, não dizia isso no sentido figurado. Mas
coração órgão mesmo com artérias, vasos e veias cheias de sangue fluindo, como nós
simples mortais temos.
Os olhos de Antonieta eram azuis,
ainda mais azuis ali, dentro da boate Azul. Tão belíssima imagem de mulher quase
nua, a banhar os pés numa piscina de muita luz. Na mão alva de dedos longos e
unhas pintadas, uma taça de uma bebida adocicada, com cheiro de fruta cultivada
em solo de Cisjordânia. Licor de damasco. Um pequeno fruto boiando no líquido
diluindo-se em vermelho. Um corpo nu, o
que a mente do homem via, ou pelo menos era o que mais queria ver. Apesar de
estar calmamente sentada, ele conseguia vê-la andando na passarela. O som da
música muito alto, a mente entorpecida pelos fluídos de etanol, mesmo assim
conseguia fantasiar o toque dos saltos altos dos mimosos sapatos de Antonieta. O
coração acompanhando o pêndulo e o ponteiro do relógio pendurado na penumbra.
Marcando ritmo com o bico do salto, no polido piso marmóreo que refletia suas
coxas bem torneadas.
Numa praia de Malibu, imaginou-se os dois. As palhas do coqueiro abanavam um sopro caliente, de sol e candura, dourando a pele. A deixá-la ainda mais sedutora, mais mulher. Tagor desejou-a, profundamente. No seu coração desejou aquela fêmea. Não sabia quando veriam se de novo. Aproveitar o momento favorecido pelos deuses numa viagem perfeita, própria deles. Cavalgante no lombo de Pegásus. Como primícias dos céus para um mortal. Uma vez a cada virada de estação do ano tinha direito a um encontro daqueles, e era outono. Sonhou tanto com aquele beijo. A excitação, os corpos exacerbado em formas. Os másculos inflados de desejo, virilidade aflorada. Feito mustang afoito dominou a fêmea, e a possuiu. O beijo levou-o as estrelas, ao cosmo, a profundidade do infinito. Fazer amor com Antonieta era momento indizível. De provocar desejos aos deuses do Olimpo. Afrodite sobre seu divã arrepiava-se, mordia o lábio de inveja. Eros aventurava-se descer dos seus átrios vindo pousar na terra, sobre o corpo nu de Antonieta. A acariciar suas carne em brasa. Seu sexo se abrindo em flor exalando cheiro inebriante. Se despetalando pro varão, loucamente viril. A explodir em gozo, enchendo a via láctea de outros milhões de espermatozoides, brilhosamente ofuscantes. Universo, de milhares de centelhas de vida. Para depois mansamente no colo de Vênus se lançarem, languidos. As estátuas no palácio do Cassino de Caesar permaneceram todas caladas. Continuaram olhando, porém nada diziam. Não interferiam, porque não queriam. Embora morressem de desejo.
Numa praia de Malibu, imaginou-se os dois. As palhas do coqueiro abanavam um sopro caliente, de sol e candura, dourando a pele. A deixá-la ainda mais sedutora, mais mulher. Tagor desejou-a, profundamente. No seu coração desejou aquela fêmea. Não sabia quando veriam se de novo. Aproveitar o momento favorecido pelos deuses numa viagem perfeita, própria deles. Cavalgante no lombo de Pegásus. Como primícias dos céus para um mortal. Uma vez a cada virada de estação do ano tinha direito a um encontro daqueles, e era outono. Sonhou tanto com aquele beijo. A excitação, os corpos exacerbado em formas. Os másculos inflados de desejo, virilidade aflorada. Feito mustang afoito dominou a fêmea, e a possuiu. O beijo levou-o as estrelas, ao cosmo, a profundidade do infinito. Fazer amor com Antonieta era momento indizível. De provocar desejos aos deuses do Olimpo. Afrodite sobre seu divã arrepiava-se, mordia o lábio de inveja. Eros aventurava-se descer dos seus átrios vindo pousar na terra, sobre o corpo nu de Antonieta. A acariciar suas carne em brasa. Seu sexo se abrindo em flor exalando cheiro inebriante. Se despetalando pro varão, loucamente viril. A explodir em gozo, enchendo a via láctea de outros milhões de espermatozoides, brilhosamente ofuscantes. Universo, de milhares de centelhas de vida. Para depois mansamente no colo de Vênus se lançarem, languidos. As estátuas no palácio do Cassino de Caesar permaneceram todas caladas. Continuaram olhando, porém nada diziam. Não interferiam, porque não queriam. Embora morressem de desejo.
Tagor Fashall menino de muitas
nações e povos. Sem precisar encarnar em outros seres, muito menos sendo
highlander. Sendo eternamente ele mesmo. Simplesmente nascia onde quisesse. Em
vários lugares ao mesmo tempo, ou em tempos diferentes. Nas suas aventuras ia,
buscava suas origens verdadeiras. Isso incluía estar em lugares diferentes,
em épocas diferentes. Em quintas e últimas dimensões, vivendo, não outras
vidas, mas a mesma em espaços de tempo distintos. Conhecendo outros meninos de
suas várias infâncias. Tendo outros inimigos que os levava a outros crimes. E a
buscar incansavelmente a justiça. Outras Antonietas de suas juventudes. E sua
irmã não saía da cabeça. Onde estaria Júlia agora?
Fabio Campos 07 de janeiro de
2017.
P.S. A Gravura é de autoria do próprio autor usada em outra publicação aqui mesmo neste blog.
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