O homem nu, foi até o botequim da esquina, no outro lado da
rua. A cabeça, povoada de lembranças pardas, do tempo de sua juventude,
mesclada com outras de infância. Reflexos do passado chegavam mais forte, ou
mais fraco. Dependendo da brisa que tocava sua pele, do cheiro que chegava aos
seus olfatos, da forma das nuvens, e da cor do céu que impregnavam seus olhos.
Lembrou de um tempo em que ia tomar banho de rio, com alguns amigos. Teve uma
vez que levaram discos long plays, uma
vitrola portátil, salame e pão. Na ocasião desse piquenique se embriagou, com
conhaque de alcatrão. Nesta época, gostava de criar galos de briga. Não sabia
explicar porque se lembrava disso, sempre que estava triste. Foi sentar-se num daqueles bancos altos, que
ficam próximo ao balcão, pediu uma bebida. Uma dose de uísque, veio parar na sua
frente, e ficaram os dois se olhando. Vieram lembranças de quando criança, de
um torneiro mecânico que foi fazer alguns reparos na sua casa. Senhor Djalma
era apenas uma criança, e acabou flagrando àquele homem molestando sexualmente,
um dos seus irmãos, que era ainda mais novo que ele. Traumas ficariam para
sempre, em ambos.
Os braços apoiados no lastro do balcão, sem vontade de coisa alguma. Bebeu tristeza. Umas folhas de jornal velho, jaziam numa mesa, veio parar nas suas mãos. Os olhos, foram esquiar, pelo vale das pequenas letras pretas, das folhas encardidas. Não lia nada. Pra quê? Um outro freguês entrou no boteco. Ninguém pareceu se dar ao trabalho de ver quem era. Era um homem, de quase dois metros de altura, talvez estivesse bêbado, se passaria por um mendigo. Tudo nele, lembrava uma ratazana enorme, os braços imundos, peludos, o nariz projetado, as sobrancelhas de fios longos. Calmamente tirou um machado de lâmina bem afiada, que trazia pendido do cinto. Empunhando-o ameaçadoramente, se projetou contra o Senhor Djalma. A lâmina mortífera sibilou no ar. E todos ouviram ele vociferar: -Hora de morrer homem! Senhor Djalma instintivamente se esquivou, mas não foi suficiente para livrar-se do golpe, que atingiu-lhe o ombro, e ouviu-se, além da música, som de osso se partindo. Novo esquivo, novo golpe, dessa vez o machado enterrou-se no peito, o sangue jorrou morno, viscoso. Cadeiras e mesas derrubadas. O assassino preparou-se para desferir o golpe fatal. Da porta do bar, uma voz forte ameaçadora: -Pare ou atiro! Isso não intimidou, nem homem, nem o machado que desceu, se enterrando na cabeça do Senhor Djalma. Um estampido seco, e a ratazana com corpo de homem, caiu por cima de Senhor Djalma. E estavam ambos, mortos.
Os braços apoiados no lastro do balcão, sem vontade de coisa alguma. Bebeu tristeza. Umas folhas de jornal velho, jaziam numa mesa, veio parar nas suas mãos. Os olhos, foram esquiar, pelo vale das pequenas letras pretas, das folhas encardidas. Não lia nada. Pra quê? Um outro freguês entrou no boteco. Ninguém pareceu se dar ao trabalho de ver quem era. Era um homem, de quase dois metros de altura, talvez estivesse bêbado, se passaria por um mendigo. Tudo nele, lembrava uma ratazana enorme, os braços imundos, peludos, o nariz projetado, as sobrancelhas de fios longos. Calmamente tirou um machado de lâmina bem afiada, que trazia pendido do cinto. Empunhando-o ameaçadoramente, se projetou contra o Senhor Djalma. A lâmina mortífera sibilou no ar. E todos ouviram ele vociferar: -Hora de morrer homem! Senhor Djalma instintivamente se esquivou, mas não foi suficiente para livrar-se do golpe, que atingiu-lhe o ombro, e ouviu-se, além da música, som de osso se partindo. Novo esquivo, novo golpe, dessa vez o machado enterrou-se no peito, o sangue jorrou morno, viscoso. Cadeiras e mesas derrubadas. O assassino preparou-se para desferir o golpe fatal. Da porta do bar, uma voz forte ameaçadora: -Pare ou atiro! Isso não intimidou, nem homem, nem o machado que desceu, se enterrando na cabeça do Senhor Djalma. Um estampido seco, e a ratazana com corpo de homem, caiu por cima de Senhor Djalma. E estavam ambos, mortos.
Fabio Campos 30/05/2020.