Capítulo 13 A Verdade Da Saga de KIRA





























Onde estava a verdade? Ninguém conhecia a verdade absoluta. A vila de Ashikawa parecia um lugar deserto, uma cidade fantasma. Como se jamais tivesse existido no mapa. Talvez, fosse fruto da imaginação de uma mente muito fértil. Ou quem sabe, doentia. Todas aquelas casas mais pareciam de brinquedo. Construídas todas em madeira de lei, pintadas com esmero. As cores articuladamente alternadas, dava a vila, aparência de um imenso tabuleiro de peças. Como uma cidade cenográfica. Aparentava um bem orquestrado, campo de batalha. Onde seus atores, os aldeões e campesinos, mesmo sem ter consciência disso eram usados como jogadores, manipulados por uma mente poderosa, dominadora, que deliberadamente se divertia com o jogo. Quem sabe, tudo, na vila e adjacências, fosse obra de um Jepeto que, tudo construíra, tudo acompanhava, tudo controlava. Tudo manipulava. As carruagens com seus cavalinhos brancos, de arreios com capricho, as fachadas com seus letreiros, as vitrines das lojas. Tudo agora parecia abandonado. Talvez o criador daquilo tudo, tivesse se decepcionado com a atuação de alguns de seus bonecos, marionetes, que teria ganho vida própria, e agia com livre arbítrio. E os abandonara a própria sorte. O prefeito, o juiz, o pastor na ânsia de se locupletarem disseminavam ódio em muitos, apatia em alguns, revolta na maioria.

O que a fachada de uma casa velha de chácara poderia esconder?  Nos grilhões dos porões muito sofrimento. Nas cadeiras velhas, muita resignação, nos encostos, nos divãs, recalques. Tantos traumas, debaixo dos forros e babados desbotados de lágrimas, de choros contidos, de suores das searas, de raivas, de ódio desdobrados nos empregados da fazenda, nos subalternos das casas de família recaiam os açoites dos recalques e psicopatias de seus patrões. Os jardins pareciam cemitérios, bem cuidados, floridos, e aparatados, guarnecidos de estátuas, de ninfas nuas e anjos, repletos de sensualidade. As fontes tristes choravam suas águas límpidas quase sem serem percebidas. Os canhões adormecidos, de ferrugem nos braços e ventre, que um dia mataram e estraçalharam corpos de negros revoltados, motinados. As velhas baionetas penduradas nas paredes da sala, as bainhas que encerravam espadas de prata, armas que deceparam mãos, decapitaram corpos, de sangue derramado naquele pátio que agora parecia tão cheio de paz. Dava pra vez as pretas velhas, encostadas nos imensos troncos de árvore, chorando seus filhos, e maridos, pendidos nos galhos mais altos do arvoredo. Um dia ainda ia descobrir, mesmo que séculos de relógios cansados, se precipitassem nos abismos de misérias humanas, de pensamentos maléficos.

As serras escarpadas, os serros, charcos e pântanos, não era uma realidade visualmente vibrante. Nada pra se admirar. O problema é que o que é sombrio tem seu valor, tem sua mórbida beleza. E só se mostra de acordo com o ponto de vista do que observa. Nunca, Kira havia observado daquele ângulo. A casa principal da chácara era cercada de pântanos. Se o dia amanhecia cheio de sol, os charcos se escondiam, se amanhecia um dia assombreado os pântanos, e lamaçais se destacavam ainda mais. A lama fétida ficava na parte da floresta que o sol não atingia. Os quadros que jamais foram pintados ficariam lá, a espera de um pintor que se dispusesse a reproduzir aquela cena lúgubre. Mesmo assim apareciam nas paredes. Uma carruagem caíra na ribanceira, ficou lá. As rodas brincando ao vento. O vento, o óleo queimado derramado, o calor possibilitou um princípio de incêndio, que causaria o que já era esperado, muita destruição. O irmão de Kira quebrou a perna. O primo Chaban, demitiu o braço. Os dias iam passando devagar, devagar. Tanto que os relógios desbotariam de tão tristes.

Dali por diante os dias iam pareceriam ainda mais lentos.  Mesmo assim, tinham coisas que precisavam ser esclarecida. Como podia dinossauros, seres da era do gelo surgirem em plena era Cenozóica? De fato dinossauros surgiram na encosta, arredores da vila de Ishikawa. Os aldeões e agricultores atônitos não paravam de se perguntar: Como podia seres a muito extintos, do nada surgirem? Kira pensou que talvez fosse fruto dum fenômeno químico-físico, e mesmo metafísico, ocorrido debaixo da terra. Mas o que teria provocado o ressurgimento dos jurássicos? Deles que eram dóceis, herbívoros, mas também tinham carnívoros, bastante selvagens.

A verdade, fora que os alienígenas, de dentro de estações subterrâneas, teriam mapeado o subsolo e descoberto um sítio arqueológico nas proximidades de Ishikawa. A par dessa descoberta usaram um potente escanner que tinha poder de trazer de volta a vida, qualquer ser cuja composição tivesse pelo menos uma parte orgânica, ou seja qualquer coisa que um dia tivesse tido um ciclo biológico. Isso era tecnologia que os humanos ainda não tinha. Os Aliens estavam muitos anos-luz a frente dos humanos. 

Os homens se organizaram para defenderem-se do ataque. Muitos morreriam. Kira bem sabia, porém, acreditava que todo homem nasce com um destino, e que cada um só morria no dia certo. Que os jurássicos viessem, estavam preparados. Uma carabina, e uma considerável quantidade de munição foi parar na mão de Jacob, irmão de Kira. Jacob tinha um plano, ia matar o pai. Aproveitaria o ataque dos dinossauros, ia matar o pai. 


11 de setembro, de 2019. 

Obs: obrigado aos americanos, identificamos um "pool" de acessos vindo das Américas nos últimos dias! Valeu gente!Abraço.




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