Capítulo 3 Tatoo 04/01/2025 IN [Z] A [NO]
Os pássaros coadjuvantes da belíssima cena, compactuavam do risonho espetáculo do amanhecer.
Desfilavam com seus cantos e bailados alados, terna poesia lírica.
Ao lado do posto, uma
elevação abrupta, uma pequena serra brotada do nada, solitária. O homem aproximou-se
dumas pedras que parecia a entrada de uma mina. Guarnecida de toras de madeira,
a entrada da mina continha uma placa avisando a quem ali chegasse: “Não entre!
Perigo de desabamento.” Sem se intimidar com o aviso, o homem entrou. Engolido
foi pela escuridão reinante, no túnel andou por alguns instantes, para
em seguida sair num imenso vale de céu azul, onde havia um acampamento. Barracas
a se perder de vista num formigueiro humano. As negociações eram feitas aos gritos, muito barulho de conversas. Aventureiros, comerciantes, mercenários,
caçadores de aluguel, piratas, alienígenas. Um livre comércio acontecia ali.
Batista gostava de
roupas coloridas, muitos anéis nos dedos, cordão de prata no pescoço, um chapéu
de caubói na cabeça, os óculos escondiam-lhe os olhos pregueados de origem
indígena. Olhos vermelhos, pelas noites de sono, e uso de diamba. Um artista circense,
se apresentava na feira livre, fazendo malabarismo, truques de mágica.
Aproveitava pra vender pomada. Um unguento para todo tipo de problema de saúde,
como o mesmo propagava. A sua chegada a comunidade sempre era esperada. Um
colega, seu assistente de apresentações, Janio, lhe conseguia a erva ilícita
para revenderem, na surdina, a fregueses combinados. Janio veio-lhe encontrar.
A feira livre, uma
profusão de cores, cheiros e sabores. A multidão sempre dividida em duas categorias,
os que têm algo pra vender, e os que querem comprar. Fosse o que fosse. Só
esperavam que o destino os ajudasse nessa tarefa.
O vendedor de
panelas de barro, o vendedor de cangalhas e colchões de capim, o vendedor de
fubá enchendo a rua com seu aroma se misturando ao cheiro de pastel e caldo de
cana. As tapioqueiras, as toldas de comida, o vapor das panelas ia de olfato em
olfato, abrindo o apetite para um prato de cuscuz com carne de galinha e uma
xícara de café fumegante. A feira é um espetáculo de vida. Os meninos
carroceiros, ganhando um trocado pra levar as feiras das ciganas e das ricas mulheres com seus longos vestidos e turbantes, e iam
de banca em banca comprando os víveres necessários para a semana que terminava,
afinal.
De repente, no
meio da multidão, um tumulto, uma briga iniciada entre um alienígena e um
nativo. O índio devia ter dois metros de altura, e era só músculo. O alienígena,
três metros de ferro e engrenagem, somente os braços e pernas eram de carne e
osso. Uma língua de fogo saiu de sua boca em direção ao oponente, que se esquivando foi atingir uma tenda que logo
virou uma fogueira. A balbúrdia estava formada. A briga iniciou-se porque ambos
queriam ser atendido primeiro por um tatuador. As gangues, e facções entendiam
aquilo como uma afronta. Aquilo era motivo mais que suficiente para o desfecho de mais um embate. Acabava que todos que estavam na
feira viravam combatentes, mesmo os pacatos aldeões, que se quisessem
sobreviver teriam que lutar. E tudo que estivesse ao alcance da mão virava arma
de ataque e defesa. E mais uma batalha daquela eterna guerra recomeçara.
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