NADA TRISTE É... E outras poesias; placas de trânsito; reflexos...

REDEFININDO PLACAS DE TRÂNSITO: O "E" ESTÁ NA MIRA POSSO ATIRAR? 
OU"EX-PLACA" [NÃO É MAIS PLACA!], OU "XEO? QUEM É XEO?"


JAZZ DIM

O JARDIM E A FLOR
ASSIM
CHEIA DE SABOR
CHEIRO
DA COR
DO AMOR
CEREJA
BARONESA
MORANGO
FEITO JAMBO
FRAMBOESA
REALEZA
UM JARDIM
TUTTI FRUIT
UM JAZZ MIM
 JASMIM
JÁ AR DIM 
PRA MIM ASSIM...

FABIO CAMPOS, 11 HORAS DA NOITE, DO DIA 31 DE MARÇO DE 2021.

Foto roubada, de um jardim no meio do caminho...furtivamente!


REDEFININDO PLACAS DE TRÂNSITO: CORRIDA COM OBSTÁCULO PRA VEADO.





NADA TRISTE É.        POESIA

AH! COMO É TRISTE
A TRISTEZA MAIS ALTO FALAR
AH! COMO É TRISTE
CORRER E NÃO SAIR DO LUGAR
AH! COMO É TRISTE
DAR O ÚLTIMO PULO, E ERRAR
AH! COMO É TRISTE, ERRAR
AH! COMO É TRISTE
UM CORAÇÃO SEM PORTA
AH! COMO É TRISTE
TER QUE DIZER "SEM"
AH! COMO É TRISTE
TER QUE USAR "NADA"
AH! COMO É TRISTE
TERMINAR
TÃO TRISTE
COMO É...

FABIO CAMPOS, 15 de Dezembro de 1978.






RAIO  X    DO ARTISTA    POESIA

UM PRESIDIÁRIO
É TODO PRETO
UMA CRIANÇA POBRE, MALTRAPILHA
É SÓ UM ESBOÇO
UM DESENHO INACABADO,
UM VELHINHO
DESAMPARADO
É TODO BRANCO,
UMA PESSOA SEM AMOR
NÃO É BRANCO, NÃO É PRETO
NEM ESBOÇO...

PINTE UMA VIDA! [A VIDA DEVE SER COLORIDA!]
DÊ MAIS AMOR.

Fabio Campos, 14 de Dezembro de 1978.








PASSEIO     POESIA

PASSARÁS
COMO O RIACHO QUE
PASSA
E FICA, E PASSA
PASSARÁS, PASSARÁS
COMO O DIA
PASSARÁS, PASSARÁS, PASSARÁS
COMO A NOITE
PERDÃO!
COMO A NOITE NÃO
A NOITE FICARÁ
PARA NÓS DOIS
ENQUANTO PASSAS.

Fabio Campos, 10 de Dezembro de 1978.




DOMINIC?❤❤☺



Dominic
Que gosta de abrir porta
abrir gavetas
de chave de porta
de  chave de gaveta
de chave de cadeado
de chave, de chave 
de chave
de abrir, de libertar
Ainda que seja o choro
ao machucar o dedo.

POESIA FEITA, PELA TARDE, JUNTO COM A FOTO, DE UM DIA QUALQUER DE MARÇO DE 2021.

REDEFININDO PLACAS: PASSANDO POR CIMA DO CÓDIGO DE BARRAS!
AINDA BEM, QUE NÃO É, POR CIMA DO CÓDIGO DE TRÂNSITO...




"NO CÉU PASSA UMAS NUVENS
QUE CORREM PARA 
O MAR...
DIO COME TE AMO..." 
Resquício de uma música, da italiana: Gigliolla Ciquetti.


Um dia qualquer
Nunca é um dia qualquer
Um dia qualquer
termina sempre, um dia
incomum
não comum
DES   
PRETENCIOSA
MENTE.


 




IGREJA

IGREJINHA

IGREJA DE SÃO

FRANCISCO

IGREJA CAPELINHA

IGREJA

IGREJAPELA

CAPELA-IGREJINHA

IGREJA

DE SÃO

IGREJÃO

DE SÃOZINHO

FRANCISQUINHO.

DO MENINO MENININHO

JESUS, MEU

JESUZINHO!

MÊS DE MARÇO, NA QUARESMA DO ANO DE 2021.


POR HOJE.
É SÓ...
FELIZ PÁSCOA!



           Um  Making off  zinho...




Thômas [na época 5 anos] e Aika [3 anos], brincando com os chapéus do vovô! [2015?]






SILÊNCIO DA VIDRAÇA Conto da Série Quaresma-Pandemia 2021.





Àquela tarde, lá fora, tão convidativa. Disse a si mesmo, iria até aonde o coração suportasse. Não iria muito longe. Não demoraria a descobrir o porquê. Não lembrava exatamente a quanto tempo, o céu, passara a ser sua maior paixão. Talvez, de quando amadureceram as maçãs, do rosto. O raiar do dia, o clarear lento e calmo da manhã, ia namorá-lo. No silêncio da vidraça - os olhos inchados ainda, da noite de sono - ia cumprimentá-lo. Agradecido, mandava um abraço pra Deus. A tarde porém, se apresentava ainda mais bonito. Acenava pra nossa Senhora. Aquelas nuvens, fazendo-lhe terno carinho. Trazendo lembranças, de um moço sonhador, de lá atrás. Quem sabe, viesse de volta.

A menina Sayane, além do nome, outras coisas mais havia de diferente nela. Olhos amendoados, parecia querer captar o mundo com eles. Garimpava as coisas com os olhos. Com eles, ia pulando as eiras e beiras das fachadas das casas, como quem brincava. Andava como quem passeava, mesmo apressada. Falava sozinha. Talvez cantarolasse uma música, baixinho. Ria sozinha. Como quem ria pra dentro. Vestia-se, como menina que se veste sozinha. Sem alguém que lhes dissesse: “Menina, essa blusa fica melhor com esse short.” E se tivesse uma irmã? Com quem dividisse as tristezas, as angústias, as alegrias, e às vezes lhes fizesse umas raivas? Por que não? Irmãs, tiram-nos oportunidades, são chatas, roubam coisas da gente. Melhor não. Estava bom assim mesmo, do jeito que estava. Morando com um tio, irmão de sua mãe. Pena que com o tio, não dava pra falar de menstruação, de pêlos, crescendo em lugares muito doidos. De seios inchando, cada vez mais. E os pés! Meu Deus!

Na beira da estrada, pedaços de tronco, de uma árvore abatida. Semelhavam troncos humanos, decepados braços e pernas, retorcidos. Evidências do crime havia por toda parte. O chão forrado de lascas de madeira, feito tapete do ser vivo trucidado. O sangue derramado ainda ardia. O cheiro era forte. O egoísmo falaria mais alto, sobressaindo o sentimento de posse, gritando de lá dentro. Dizendo ao homem, que dava pra tirar algum proveito, daqueles restos mortais. Sem o menor constrangimento aceitaria arrastar aquele ex-ser vivo, agora morto, até sua casa. Igual um leão que arrasta uma zebra morta, até sua caverna e simplesmente a devora, junto com seus filhotes. Sem nenhum remorso, era a lei da selva.  Achava que àquele ex-vivente, do reino vegetal, ainda podia tornar-se, para si, algo útil. Quem sabe, viraria belíssima caqueira de plantas.

O rabo de cavalo da menina era fino, leve, de pouco cabelo. E ia dizendo: “não”, “não”, balançando pra lá e pra cá. Vestia uma camiseta, na estampa o desenho dum ursinho de pelúcia dentro de um coração vermelho, rosáceo, e a palavra “Happy”. Short jeans, chinelo de dedos. Seios e glúteos, nela, uma verdade, muito mais pro futuro, do que pra agora. Tudo parecia muito real, tão real que apertava-lhe o coração. Era numa hora daquelas que uma irmã fazia falta. Se tivesse, ia perguntar-lhe o que achava daquele menino, do mercadinho? Dá pro gasto. Por quê? É que ele andava olhando demais pra ela. O negro asfalto, quente de sol, abrupto daria sua fatal contribuição. As casas deram pra brincar de roda. Um pingo de sangue caiu, do nariz na estrada negra de resina quente. Teve que sentar na calçada pra não desmaiar. O mundo virou carrossel. Ficou um tempão, até passar a ruindade. A cabeça levantada. Lá vinha uma amiga, um aparelho celular na mão. Laura! Pergunta aí no Google: “O que significa sangrar pelo nariz?” O Google disse: “São as vias respiratórias ressecadas, devido ao tempo seco.” Será que eu tô com Covid? Nada a vê!

O homem entrou na sala azul, climatizada. O médico, de jaleco branco, óculos de grau, cabelos revoltos, pretos. Sentado, atrás de sua mesa. Os olhos no celular. Algo, mais interessante que o paciente: o aparelho de telefonia móvel. E sem tirar os olhos do dispositivo, disse ao homem que se sentasse. A máscara de proteção do esculápio, contra o novo Corona vírus, estava nas orelhas. Porém, puxada pra debaixo do queixo. Teve vontade de chamá-lo atenção para o risco, que corria, e que expunha as demais pessoas. Desistiu. Ele, mais do que ninguém sabia disso. O paciente continuou esperando. Situação vexatória. Se soubesse que seria assim, jamais teria ido. Tarde demais. Se arrependimento matasse, ali estava um morto.

A mãe de Sayane, estava de namorado novo. Isso a irritava. Deixava-a na retranca. Não queria fazer amizade com mais ninguém. Isso incluía, claro, o dito cujo.  Aliás, amizades tinha demais. Precisava livrar-se de algumas virtuais, das redes sociais. Indesejáveis até. O tio a aconselhava, calado. Era exemplo pra ela, sem nada dizer. Desejava ter a tranquilidade que tinha o tio. Parecia que nada tirava-o do sério. Não era bem assim. Sabia de alguns defeitos dele, teimosia, arrogância, cabeça dura, pavio curto. Em alguns pontos se achava muito parecida com ele. Agora, se bebia, se transformava noutro, ficava meloso, excessivo nos carinhos. Desavergonhado, urinava no quintal, despia-se sem o menor pudor, e tomava banho nu, ali mesmo. Sobre a doença crônica que tinha, nenhum dos dois sabia.

Um eletrocardiograma, a tirinha de papel cheia de riscos, que subiam e desciam, estava dizendo, ao homem, que tivera um enfarto do miocárdio, havia muitos anos. Os laudos médicos confirmavam. Eles nunca erram. Quedou-se perplexo O médico, pareceu-lhe agora, um ser de outra galáxia. Sua voz, de repente ficou lenta, distorcida, vinda do além. E de repente, o cara do jaleco, ficou verde, um chifre de rinoceronte nasceu-lhe na testa. Dizia, algo como: “não havia motivo pra preocupação.” Escrevia e escrevia, ao tempo que falava e falava. Caindo em si o homem, ponderou que poderia, nem mais estar ali. Ao mesmo tempo considerou que, se não morrera era porque algo teria pra fazer. Para merecer ainda estar aqui. Eram coisas que, nem a chuva, nem o silêncio da vidraça, poderiam responder.

Fabio Campos, 27 de Março de 2021.

 

 

ARIBA MUCHACHO! "LINGUAGEM" POESIAS, DESENHOS, FOTOS


NO VERSO DESSE DESENHO DE AIKA ELA ESCREVEU: "PARA PAPAI! TE AMO!" 
AIKA É MINHA NETA, FILHA DE MINHA FILHA MONALY
SEU PAI É ANSELMO MELO JUNIOR

BALÕES DE AIKA           POESIA

SOBE O BALÃO
SOBE 
PAIXÃO
SOBE NUVENZINHA
DO MEU CORAÇÃO!
SOBE, SOBE
SOBE, SOBE
VAI LEVANDO
ILUSÃO!
BALÕES COLORIDOS
DO MEU
CORAÇÃO!

FABIO CAMPOS, 25 DE MARÇO DE 2021.




LINGUAGEM             POESIA

O QUE DIZ UM BÊBADO
É IMORAL
O QUE DIZ UM PADRE 
É SALVAÇÃO
O QUE DIZ UM ATOR
É CRUCIAL
O QUE DIZ UM MONGE
É DOUTRINA
O QUE DIZ FELICIDADE 
É MENINA
O QUE DIZ PERDÃO
É AMOR
O QUE DIZ AMOR
É A FLOR
A ROSA LOUCA
O AMOR...

Fabio Campos, 09 de Dezembro de 1978.





ARIBA MUCHACHO!     POESIA

ALGUÉM ADORMECEU
AO GARRAFÃO DE VINHO
A PENUMBRA, O CANDELABRO
DE VELAS CHORONAS
FIGURASTES AO LUAR
UM LUGAR DE DESTAQUE
UMA ESPERA
UMA ESPORA
GRITA A GUITARRA!
PALMAS MORENA
SORRISO DE PRATA
TEQUILHA EM SEVILHA
PABLITO SOTAQUE
GRINGO SIERRA MADRE
ESTA NÃO É HORA
PRA PERGUNTAR:
POR QUE O MAR É SALGADO?
É APENAS UMA FITA MEXICANA.

FABIO CAMPOS, 19 DE NOVEMBRO DE 1978.




AIKA EM: DESENHO EM PRETO E BRANCO     POESIA

AIKA DESENHOU
UMA VILA DE CASA
SUA VILA 
É UM SONHO FELIZ
O SOL BRILHOU 
EM PRETO E BRANCO
COMO NUM FILME
DE CHARLIE CHAPLIN
E AS ÁRVORES
DERAM FRUTOS
EM PRETO E BRANCO
O CÉU E AS NUVENS
DISSERAM
PRETO SOBRE O BRANCO
COMO SOMOS FELIZES.

FABIO CAMPOS, 25 DE MARÇO DE 2021.



PAUSA PRA UMA FOTO DO PASSEIO DE UMA TARDE QUALQUER, DE PANDEMIA 2021.

O CÉU AZUL, A PALHA DA PALMEIRA VERDE, O POSTE, E O FIO. E A NUVEM ENVERGONHADA SE ESCONDEU ATRÁS DO PÉ DE FICUS. QUE FICOU VERBURIZADO. UMA MISTURA DE RUBOR E VERDE.

UNS 15 DE MARÇO MAIS OU MENOS...
É POR AÍ...





ESTA FOTO FOI UMA HOMENAGEM DA TURMA DO 2º ANO "A" AO PROFESSOR FABIO CAMPOS, EM PORTO DE PEDRAS AL. PELA PASSAGEM DE SEU NIVER, DIA 17 DE MAIO DE 1991. JÁ SE VÃO 30 JANEIROS, FEV. MARÇOS...
Ao meu lado Minha amada Rúbia. E meu primeiro filho, Joaddan, também ali do lado, tão pequeno...


AIKA EM PRETO E BRANCO

ESTA FOTO FOI UMA SELF, FEITA POR ELA MESMA. ORIGINALMENTE EM PRETO E BRANCO. JUNTO COM SEU PRIMO DOMINIC, MEU NETINHO MAIS NOVO DE APENAS 1 ANO E MEIO. FILHO DE MINHA FILHA JULIANA.



 CHAMADA AOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MILENO FERREIRA, ANO DE 2021, PARA UM PROJETO EM ANDAMENTO...


It's Only, For Today

THE END...

OS TEMPOS ERAM OUTROS 3º Conto da Série Quaresma-Pandemia 2021


 

Os tempos, pouco a pouco, eram outros. Nas mãos do povo, o mundo ficando velho. O arado do tempo, devagar e sempre, lavrando sua ceifa. Os olhos aos poucos anuviando. Os sons, paulatinamente, caindo de capacidade de serem ouvidos. A voz, cada vez mais rouca. Músculos ficando flácidos, articulações endurecendo. Uns ais, a cada vez que precisava levantar-se dum acento. A filha, querendo eternizar aquele momento, chamou: Mãe vamos tirar uma foto! Chamou várias vezes. E estavam à poucos metros de distância. Mas não a escutava. Ficou triste, era dia de sua data natalícia. Acabara de tornar-se octogenária. Pegou na sua mão, conteve o choro. Os dedos nodosos, encaliçados de tanto trabalho. Anos a fio dedicados a família, a casa, que já perdera o esteio. Pediu que sentasse, queria ver seus pés. Colocou-os, em seu colo. Massageou, um a um, os dedos entrevados, de articulações comprometida, pelo tempo. Providenciou uma bacia com água morna. Cuidou de fazer-lhe as unhas. Foi, o melhor presente que a filha poderia ter dado a mãe.

Um céu nublado, dentro do coração. O céu de verdade, estava com o azul de nossa Senhora, pontilhado de carneirinhos, de São José! Bem no seu dia! Uma tempestade de tristeza, invadindo o ar, onde só a alegria deveria reinar. A atmosfera, se movendo provocando sentimentos, evocando emoções variadas. A sala, de repente virou uma arena. A discussão generalizada, era se valia a pena, comemorar uma data natalícia, numa época tão crítica que se vivia. Tempo de pandemia, pelo novo corona vírus. A reclamação de alguns, era por conta da exposição. E colocar em risco a vida da própria mãe. Aglomeração de filhos, netos, bisnetos, reunidos pelo aniversário da matriarca da família. Alguns viera de uma distância considerável, enquanto outros que moravam só a alguns metros, decidiram não ir. As desculpas, pela iniciativa começaram a aflorar. As culpas desabrocharam. Aquela poderia ser, gente, a última vez que estaríamos reunidos! Qualquer um de nós, poderíamos não mais estar ali, nos próximos anos. A demais, quem inventou a surpresa, pensou que seriam poucos os que iriam. E que todos os que foram, iriam respeitar o uso da máscara de proteção. Tudo na vida, foge do controle. É assim mesmo. É a vida.

Até os cachorros ficaram mais agressivos. A xícara de café, abandonada sobre guardanapo branco maculava de negro o tecido, à espera da atitude digna de alguém. Nada podiam fazer, tudo ficara parado, esperando. As fatias de bolo, os copos de refrigerante. Os dissabores das palavras exaltadas, sobrepujavam os sabores, abandonados. Um tronco de árvore reclamava alguém, que viesse, se encostar, acendesse um cigarro, e enchesse sua copa, suas folhas, de fumo. Alguém tiraria as próprias conclusões. As evidências, e nada poderia ser feito. Aqueles cachorros, com certeza estavam percebendo algo que ninguém mais além deles pressentiam. Algo de errado, alguma coisa que alterava o estado de paz das coisas. E que poderia ser, desse ou de outro mundo.

Nada mais podiam fazer. Mesmo que quisessem nada podiam fazer. Lá fora, o toque de recolher estava decretado. A demais era sábado. Sendo assim, tornavam-se, quer queiram quer não, todos sabatistas, segundo os Evangelhos. Feitos judeus que guardavam o dia de sábado por excelência. A noite veio silenciosa, mansa, desarmando sentidos. Acalmando a alma. A lei do silêncio impondo sua própria regra. Qualquer indicio de muita gente junta, virava alvo da viatura da polícia, em ronda permanente. O coração, como se alguém segurasse com as duas mãos e o apertasse. Assim o sentia. O mar das crianças sertanejas de antigamente chegava dentro de um búzio. Isso era herança do passado. O búzio agora, servia de escora pra manter a porta aberta. O mar dos homens velhos, era sal puro. Areia dentro dos olhos, lágrimas que nunca quisera chorar. O coração duro não deixava. Abraçar-se tornara-se um crime hediondo.

Nunca pensou que viveria tanto, o suficiente pra ver tempos tão difíceis. Na adolescência os abraços, os beijos tão escassos, não vinham por conta dos grilos, próprios dos jovens. Das restrições impostas pelos pais. Os namoros, a ingenuidade, a pureza dos corações. As lembranças amornando o espírito, a moça lembrando-se dos domingos. Ainda cedo o namorado chegando a casa. O pai, chamava-o para ir olhar o roçado, o milho seco, as tarefas do campo, os hectares de palma bem cuidada. O gado, resumido a algumas poucas cabeças: uma parelha de boi de carro, umas reses, uma vaca leiteira. Na hora do almoço, uma lapada de cachaça, arroz branco, feijão tropeiro com carne de galinha, e muita pimenta. Não recusada para não fazer uma desfeita com o futuro sogro. Arre! Égua! Pimenta ardida da peste! O que disse? Nada, não! Estava aqui, pensando alto, me lembrando de outra coisa.

Agora que a maturidade ensinara que valia a pena, abraçar, beijar, acariciar. Uma maldita pandemia impedia de o fazerem. De abraçarem-se, beijarem-se. Não os impediam porém, de se amarem. Os olhos viam os homens como árvores que andavam. Assim como via o cego, que Jesus curou da cegueira. De nada adiantaria subir a serra, se não houvesse um motivo justo pra isso. E correr o risco de não serem reconhecidos, pelos espíritos que andavam vagando pelo mundo. Pelas almas vaqueiras que precisavam de rezas, e serem salvas. Pois também as penitências da semana santa, estavam suspensas. Pela primeira vez, em muitos anos, não subiriam a serra. Não contemplariam do alto do cruzeiro, a vida, o ano que a pouco iniciara-se. Ano diferente, estranho, onde os tempos eram outros. A luz do sol, as pedras, as nuvens, os espíritos.

Fabio Campos, 20 de Março de 2021.

MUDANÇA MUDA POESIA, PENSAMENTOS ETC...


FOTO DA CAPA DO NOVO CADERNO QUE RESOLVI EXPLORAR COM ESCRITOS MAIS ANTIGO  DE 16/11/1978 a 18/12/1978


MUDANÇA MUDA    POESIA

UM MINUTO DE SILÊNCIO
ANTECEDE UMA EXPLOSÃO DE ÁTOMOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO
PARA OS FALECIDOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO
PARA A MORTE
UM MINUTO DE SILÊNCIO
POR UMA CRIANÇA TER NASCIDO
UM MINUTO DE SILÊNCIO
PARA OS PARAPLÉGICOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO
PARA OS DESILUDIDOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO 
PARA TODOS OS POETAS ESQUECIDOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO
ANTECEDE UMA SENTENÇA
UMA LÁGRIMA ROLA
PARA OS ABANDONADOS
UM MINUTO DE SILÊNCIO
PARA O SILÊNCIO.

FABIO CAMPOS, 24 de Novembro de 1978 





Por do sol na Lagoa do junco durante um passeio vespertino, num dia desse de março de 2021.



Foto da folha do caderno que tem a poesia MUDANÇA MUDA, original, com assinatura e data.




Voltando da Lagoa do Junco...



PENSAMENTOS


PANDEMIA É UMA SITUAÇÃO, EM QUE COLOCA AS PESSOAS EM TRÊS ESTADOS DE"AS": ALERTA, ALARME, ATURDIDO!

UMA PANDEMIA TEM MUITO DE BÍBLICO, MUITO DE BIOLÓGICO, MUITO DE FILOSÓFICO, MUITO DE TUDO> POR ISSO TRÁS O PREFIXO "PAN".

PANDEMIA: E O DIABO ASSIM COMO EM QUALQUER OUTRA CATÁSTROFE, COCHICHA NOS OUVIDOS DOS SEUS DISCÍPULOS: "SEMPRE TEM COMO TIRAR ALGUM PROVEITO".

A PANDEMIA DO NOVO CORONA VÍRUS TEM SUAS PARTICULARIDADES, ASSIM COMO UMA COPA DO MUNDO FAZ DE CADA BRASILEIRO UM TÉCNICO DE FUTEBOL, POR AQUI PIPOCARAM OS TÉCNICOS EM INFECTOLOGIA, IMUNOLOGIA, E TANTAS OUTRAS "GIAS". 

PASSEIO VESPERTINO COM THÔMAS [11 Anos] E DOMINIC [1,5 Ano]


























 





ABANDONO         POESIA


O ABANDONO É FRIO
É SELVAGEM
O ABANDONO É CRUEL
É INUMANO
O ABANDONO...
 
É DONO
DA TRISTEZA

O ABANDONO

É O QUE É...

E O QUE NÃO

O ABANDONO 
É MISÉRIA

É ABANDONO

É SOLIDÃO. 


Fabio Campos, 08 de Dezembro de 1978.



 








 

As Primas 2º Conto da série Quaresma-Pandemia 2021



Era tempo de um pedaço de quintal. Reduzido no tamanho, ampliado em outra dimensão. De aridez implacável de deserto. As coisas adquirindo outros conceitos, outros valores. O sol forte ao ponto de cegar os olhos, a sufocar, o calor, a poeira, a tirar-lhe o fôlego. Um deserto existencial, em toda a sua extensão, de solidão, de melancolia, de angústia. O tempo da quaresma e esse poder, de colocar à prova a sensatez. A lucidez. Ainda mais numa pandemia. Desafio a uma introspecção. A esvaziar de si mesmo. Voltar o olhar para dentro. Se aventurar numa viagem, tão fundo, ao ponto de não se reconhecer. Ir ao encontro de alguém, dentro de si, de quem jamais pensou existir. Sem medo, num lugar, totalmente desconhecido. Onde a mente sozinha jamais ousaria chegar.   

A parede não tinha reboco. E nem era de tijolos, erguida com muretas. Pedras de quinze por quinze centímetros, aparência de paralelepípedos gigantes. Demorou anos, a buscar ali uma beleza, que jamais viria. Porém não desistia. Dizia a si mesmo, que com o passar do tempo mudaria de opinião. O que até então não ocorrera. Continuava, desde da última vez que a contemplara com sua beleza, genuinamente feia. Feito menina-moça, com cara de sofrida. Por falar em menina, ela chegou. Um resmungo, foi seu cumprimento. Uma benção ganhou de resposta. Sentou no sofá, que ficava dando as costas pra parede. Sentou com seu jeito despojado, de toda menina daquela idade. O homem, de soslaio, ficou olhando-a. Sem saber se aventurava-se numa análise mais acurada. Tão recente estreada no mundo, menos de década e meia resumia sua existência. De quando conhecera, primeiro seus pais, depois ela. Até aquele momento. Ainda criança colocava-a no colo. Agora, como se achava uma moça, não fazia mais isso. Já se lhes apontavam os seios, as pernas finas, o short jeans desbotado, colava-lhe tanto as poucas carnes, e tanto ajuntava na virilha ossuda. Amava-a.

O muro, concebeu-o de um filme, se projetaria em muitos sonhos. Em alguns deles pro alto. E ia desafiar os céus. Noutros, descia tanto que uma ovelha facilmente o venceria. Construíra muitos castelos naquele muro, presenciou muitas batalhas, muito sangrentas até. E quando terminava, o cenário era desolador. Com paciência, pegava um balde e um pedaço de pano, e ia passar nos jatos de sangue esguichados, plasmados nas pedras, na parede. Presenciou muitos guerreiros tombarem aos seus pés. Alguns até preferiram eles mesmos tirarem a própria vida. A ficarem agonizantes. Em quanto seus colegas combatiam. Viviam e morriam.

A prima da menina, era ainda mais jovem que ela. Entrou na sala, viu o homem, viu a prima no sofá. E foi pro jardim tomar banho de sol. Nenhum deles a via. Não tinham capacidade para tal. Disse, mesmo sem proferir uma palavra que estava ali para ajudar. Só não sabia como. Sendo apenas de luz. Com seus olhos gigantes admirava tudo a sua volta. As flores, o verde das folhas, os biscuits, a terra fofa, escura, molhada, o cheiro de mato, o zumbido de uma vespa, as formigas à busca de nutrientes. Tudo merecia sua atenção. A torneira pronta pra servir. Abria e dava-lhe água, fechava e ficava pingando. “-Alguém deixou a torneira do jardim aberta?” “Não!” Ninguém havia deixado. Afinal não havia ninguém lá. Mas que alguns ouviram o esguicho d'água ouviram. Não se demoraria, tinha uma eternidade a esperando. Só Deus sabe o que a reservava, quando voltasse pro seu céu. Por certo, ao menos, uma reprimenda.   

As estações da via sacra. Assim como as estações do ano, tinha seus momentos de erguimento e de queda. De muita cor, mas também muita dor. E ter que morrer para renascer. Eram caminhos tortuosos. Em determinados momentos passaria por lamaçais. Em lugares escuros, tão escuro que parecia noite, e noite de trevas. Mas também por lugares claros. Ao ponto de cegar de tanta luz. Noutro, o silêncio. Silêncio pela morte de Cristo, e um turbilhão de sentimentos. E parecia noite, que parecia dia. Os incrédulos do palácio diriam, foi só um eclipse. Eles tinham explicações para tudo. As estações de trem, e de ônibus, também com suas características tão parecidas, gente de todas as origens, de boa e de má índole. Cruzavam caminhos, retos e tortuosos, logo a frente. O muro, por um momento virando o das lamentações. E via os homens tocarem com suas cabeças, na pedra, repetidas vezes, repetidas orações. Batiam com a cabeça onde antes outros homens bateram com suas espadas. A tirarem fogo do granito, buscavam o corpo do seu opositor. E era tanto ódio em seus olhos, em seus corações que o sangue derramado escurecia, tornando-se preto. Destruir, matar em nome de Deus!

A menina do sofá, fez, dentro do coração, um propósito de mudar de vida. Talvez impelida pelo tempo de quaresma, tempo de pandemia. Mesmo não tendo fé em nada, não tendo medo de vírus nenhum. Pouco preocupada com vacina, aglomeração, uso de máscara. Queria mudar o rumo de sua vida. Álcool virava piada, ao invés de tê-lo apenas nas mãos, dizia: melhor ingeri-lo. O pai, outro dia perguntou-lhe por que não namorava. Achava-a tão diferente das outras meninas de sua idade. Achava até que tivesse tendências homossexuais. Assustou-se. Como pode? Se considerava tão feminina. Pôs-se a pensar: teria, o pai, descoberto nela, algo que nem sabia? A loucura chegava pelos ouvidos. Os sentidos, tinham poder de manter a lucidez. A insônia, a ansiedade, a angústia em doses bestiais. Nada que uma cavalar dose de rivotril não resolvesse. A mãe nem ia perceber a subtração do líquido no frasco. Viu as unhas caírem. Balançava as mãos trêmulas e via as unhas pendurando-se, caindo, uma a uma. O rosto em fogo. No espelho viu seu cabelo, sua cabeça ardendo em chamas. Os olhos duas bolas de fogo. A pele mudando de cor ora azulzíssima, lilás, rosa, amarela, alaranjada. Agora era uma princesa, seus súditos eram animais, desenhos que iam surgindo na parede, e pulavam pra sala. Desenho animado e realidade misturando-se numa ciranda louca. Nunca mais tomaria aquilo. Nem quando fumou o cigarro artesanal, com um amigo gay, naquele inferninho no sábado à noite, sentira tais coisas. Não gostou de ser a Rapunzel, tinha medo de altura. O cabelo descia pelas seus minúsculos seios, cobria-lhe o sexo. Estava nua, deitada no sofá, no meio da sala. A cama improvisada virou um carrossel. O céu caiu. No lugar, colou, ela mesma, uma folha de papel machê. E ficou tão mal pregado, caído de um lado. A parte caída permitia uma nesga do que havia por trás, uma fornalha em chamas. Caiu no chão, desmaiada.     

A semana santa se aproximava, com ela o caminho da dor. O santo ofício. As primas, parte da oração que se reza nas primeiras horas, antes do sol nascer. Com o cantar do galo. A pandemia empurrara todos os planos pra dentro de casa, pra debaixo do sofá. O par de tênis, um com a boca pra cima, o outro com a boca colada no chão. Parecendo dois bêbados, de ressaca. Nada do que faziam antes podiam fazer agora. Ficar sentado na praça olhando os pardais, as nuvens descompromissadas de chuvas. A praça, olhando as crianças, andar de bicicleta. Caminhar a beira do asfalto ir até o condomínio. Assim que a visse, beijaria-lhe o cabelo. Sorririam, juntos. Sorriam, de nada.

Fabio Campos, 13 de Março de 2021.

 


 

 

A VIDA POESIA, E ALGO MAIS....



REDEFININDO PLACAS DE TRÂNSITO: 
E AGORA JOSÉ?... 
OU "TÔ MAIS PERDIDO DO QUE CEGO EM TIROTEIO!"   "FEITO  CACHORRO QUE CAIU DE MUDANÇA!"



A VIDA                 POESIA

A VIDA

DIVIDIDA EM ETAPAS

ETÁRIAS

SOMADA

EM DESVIOS

RENÚNCIAS

MULTIPLICADA

EM DESASTRES

DOR, FERIDA, CICATRIZES

A VIDA

CHEIA,

NÃO DE PLACAS

QUE PUDESSEM NOS INDICAR:

PARE!

AVANCE!

ESCUTE! OLHE!

MAS...

CHEIA DE:

BECOS ESCUROS

ABISMOS

SEM PARA-PEITO, PONTES OU BALAÚSTRES

VIDA DE ATROPELO

SEM APELO.

FABIO CAMPOS, 29 DE DEZEMBRO DE 1978.

 



PENSAMENTOS

“UMA COISA QUE DEVEMOS ACREDITAR CEGAMENTE, SÓ PODE SER UMA COISA QUE NUNCA VIMOS”

POUCO IMPORTA QUE EXISTAM VÁRIAS RELIGIÕES. DEUS ESTARÁ SEMPRE PRESENTE EM TODAS ELAS, MESMO COM OUTRO MODO DE SER VISTO.”

FABIO CAMPOS, 22 DE DEZEMBRO DE 1978



REDEFININDO PLACAS: ACADEMIA FITNESS LOGO AÍ EM FRENTE!



 

FIM DE ILUSÃO                POESIA

QUANDO A GENTE VAI

SE É LEVADO

QUANDO A GENTE DORME

E SONHA ACORDADO

QUANDO A GENTE CRIA

UMA FESTA E PARTICIPA

QUANDO AS NOITES GALOPAM

NUM RÍTMO DE TOSTÃO FURADO

QUANDO A GENTE INVENTA

UM ABISMO

E SE PRECIPITA NELE

QUANDO A GENTE SE DIZ

UMA VELA CHORANDO,

APAGANDO.

 FABIO CAMPOS, 19 DE DEZEMBRO DE 1978.






APAGANDO...           POESIA

A GENTE CHEGA A UM PONTO

QUE ESSE PONTO NEM CHEGOU AINDA

QUANDO PARAMOS PRA PENSAR

O PENSAMENTO CAI POR CIMA

QUANDO TENTAMOS REAGIR

A SITUAÇÃO É DESESPERADORA

MAS O DESESPERO NÃO LEVA

A NENHUMA SAÍDA

ALIÁS NÃO HÁ SAÍDA

QUANDO NOS CONFORMAMOS

COM A SITUAÇÃO

É PORQUE PRETENDEMOS ESQUECER

PASSAR POR CIMA

OU PASSAR POR BAIXO?

 FABIO CAMPOS, 20 DE DEZEMBRO DE 1978.







"VÊ! 
ESTÃO VOLTANDO AS FLORES...
VÊ! 
NESSA MANHà
TÃO LINDA!
VÊ!
COMO É BONITA A VIDA!
VÊ! HÁ ESPERANÇA AINDA!
VÊ!
AS NUVENS VÃO PASSANDO...
VÊ!
UM NOVO CÉU SE ABRINDO...
VÊ!
O SOL ILUMINANDO 
POR ONDE NÓS VAMOS INDO...

"Estão Voltando as Flores." Música de Paulo Soledade, 1970. Principal intérprete cantora: Dalva de Oliveira[+1972].
 



MEU CAFÉ
MEU PÉ
E O CAFÉ?
TEM CAFÉ NO BULE 
MULHER?
Ô MULHER
CADÊ MEU CAFÉ?



IA ESQUECENDO LEMBREI DE POSTAR ESTE DESENHO DE MINHA NETA
AIKA [9 ANOS] FEITO EXCLUSIVAMENTE PARA ESTE BLOG!



FLAGRANTE DE FINAL DE TERÇO, DE NOSSA SENHORA, RECITADO HOJE NA RÁDIO MILÊNIO
EU, MEU NETO THÔMAS KAEL (11) E DONA PRAZEIRINHA



POR HOJE...
É SÓ!
ATÉ SÁBADO!